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Extração dentária: guia completo com dicas essenciais

A extração dentária, também designada exodontia, refere-se a técnica cirúrgica para a remoção de um dente do seu alvéolo funcional.

Hoje, embora a Odontologia esteja voltada para uma filosofia mais conservadora, os índices de extração dentária no país ainda são considerados bastante altos.

Pensando nisso, ao longo do texto você vai conferir quais os tipos de exodontia, suas indicações e contraindicações, além dos principais cuidados pós-operatórios a fim de evitar intercorrências e complicações.

Indicações e contraindicações da exondontia

As indicações e contraindicações da extração dentária podem, muitas vezes, ser consideradas controversas, variando conforme a conduta clínica de cada profissional e/ou de acordo com a condição financeira do paciente.

Principais indicações da exodontia

Define-se como indicações da exodontia, situações que envolvem a impossibilidade de recuperação do dente, da sua inserção na estrutura alveolar, da sua disposição funcional e os aspectos relativos à saúde, local e sistêmica.

Entre as indicações, destacam-se:

  • lesões de cárie;
  • reabsorções dentárias internas e externas;
  • fraturas coronárias e radiculares;
  • doença periodontal;
  • presença de lesões patológicas inflamatórias, císticas e/ou tumorais;
  • traumas maxilomandibulares;
  • tratamentos ortodônticos e protéticos;
  • dentes supranumerários ou impactados;
  • adequação da cavidade bucal (ex: antes de radioterapia).

Contraindicações da exodontia

As contraindicações, por outro lado, podem ser consideradas locais ou sistêmicas. No caso das locais, devem estar associadas a agravantes como:

  • dentes ou raízes dentárias próximos de tumores ou lesões vasculares;
  • dentes localizados em regiões acometidas por tumores malignos;
  • dentes de pacientes oncológicos submetidos à radioterapia na região de cabeça e pescoço;
  • presença de processos inflamatórios ou infecções agudas como gengivites, pericoronarites e abscesso dentoalveolar.

As contraindicações sistêmicas para a exodontia sob anestesia local incluem a análise das informações clínicas de saúde do paciente. Mas, no geral, não existe uma contraindicação absoluta permanente para realização da exodontia.

Avaliação clínica e radiográfica pré-operatória

Antes de qualquer procedimento, é necessário fazer uma avaliação clínica para planejar o tratamento.

No caso de exodontias, é importante avaliar a condição e o posicionamento da coroa, quando presente, para verificar a possibilidade de risco de fratura durante o procedimento.

Também devem ser avaliadas a mobilidade da raiz, presença de dilacerações radiculares, anquilose, lesões periapicais e anomalias dentárias como hipercementose e taurodontismo que podem dificultar a remoção.

Dentes adjacentes e estruturas anatômicas vitais, como o seio maxilar e o nervo alveolar inferior, também devem ser avaliadas para que sejam adequadamente preservadas.

Controle da ansiedade e da dor durante a exodontia

O tratamento odontológico em geral é considerado ansiogênico, visto que os procedimentos cirúrgicos estão em primeiro lugar dentre os tipos de procedimentos que provocam ansiedade e emergências médicas.

Sendo assim, vale ressaltar a importância de verificar o grau de ansiedade de cada paciente, assim como o uso de métodos de controle, sejam esses medicamentosos ou não.

Para o controle da dor é necessário que a anestesia local seja eficiente. O que envolve conhecimento anatômico por parte do cirurgião-dentista, assim como dos anestésicos locais, suas indicações e contraindicações bem como realizar a técnica anestésica adequadamente.

Biossegurança

A exodontia, por se tratar de um procedimento cirúrgico, envolve uma paramentação adequada.

Utilizando além dos EPIs (máscara, gorro, óculos de proteção etc.), luvas e avental estéreis.

Para preparação do paciente, recomenda-se campo estéril, óculos de proteção, bochecho antisséptico, seguido de assepsia da face.

Biossegurança no consultório odontológico

Ergonomia

A posição adequada do Cirurgião-Dentista pode facilitar a realização do procedimento, pois, além de permitir melhor visualização do campo de trabalho, possibilita ao profissional fornecer estabilidade e apoio ao manejar o fórceps de extração, conferindo força a partir do braço e do ombro e evitando sobrecarregar o punho.

A exodontia pode ser realizada com o operador sentado ou em pé. Sugere-se que para extração de dentes superiores o cirurgião permaneça em frente ou ao lado do paciente.

Neste caso, a cabeça do paciente pode ser apoiada pela mão oposta do Cirurgião-Dentista ou mediante a ajuda de um ASB.

Já em caso de exodontia de dentes inferiores, o cirurgião deve posicionar-se atrás da cadeira odontológica durante a extração de dentes anteriores e posteriores direitos.

Princípios da exodontia e instrumentais

Os princípios da exodontia são baseados em conceitos mecânicos, utilizando dispositivos que promovem força em intensidade e direção diferentes.

  • Cunha – sua função é gerar grandes forças no sentido e na direção do movimento;
  • Alavanca – sua função é transmitir uma força que provoque um deslocamento;
  • Roda – se caracteriza por movimentos circulares e está associada a um eixo;
  • Polia – usada para transferir força e movimento a partir de um dispositivo fixo, criando um movimento de avulsão unitária absolutamente vertical.

Para realização desses princípios são necessários instrumentais básicos de diérese, exérese, hemostasia e síntese.

Além disso, é preciso lançar mão de instrumentais mais especializados como os fórceps e as alavancas para a realização do procedimento.

Fórceps para exodontia

O fórceps é um instrumental exclusivo da exodontia, sendo composto por dois cabos que, ao se articularem, promovem a ação da ponta ativa.

Esta deve ser posicionada verticalmente, paralela ao longo eixo do dente, adaptando à anatomia coronorradicular sem lesar o tecido gengival.

Primeiro, adapta-se a parte ativa lingual, seguida pela parte ativa vestibular.

Vale ressaltar que, quanto mais apical for introduzida a ponta ativa, maior o efeito de cunha e maior a potência do movimento de alavanca.

FÓRCEPSINDICAÇÃO
1Incisivos e caninos
16Chifre de touro, molares direito e esquerdo
17Molares inferiores
18RMolares direitos
18LMolares esquerdos
53RMolares direitos
53LMolares esquerdos
65Raízes fraturadas, incisivos inferiores e pré-molares estreitos
68Raízes residuais ou seccionadas cirurgicamente
69Raízes inferiores e superiores
87Chifre de boi, molares
88Molares com coroas destruídas
150Incisivos, caninos e pré-molares
151Incisivos, caninos e pré-molares inferiores

Alavancas para exodontia

As alavancas, também conhecidas como elevadores, podem ser retas ou anguladas, com diferentes tipos de lâmina ativa.

Na prática, são introduzidas em posição perpendicular, entre o dente ou a raiz a serem extraídos, e os septos ósseos interdentais ou interradiculares.

Podendo ser aplicados os princípios de alavancas de primeira (interfixa) e segunda (inter-resistente) classes, além do conceito da cunha e da roda.

Geralmente, as alavancas são indicadas para luxar e remover dentes e raízes não compatíveis à adaptação dos fórceps.

Veja, a seguir, algumas dicas para utilização adequada de alavancas em exodondia:

  • As alavancas devem ser empunhadas no sentido digito palmar e, para evitar seu deslizamento, o dedo indicador do cirurgião deverá repousar sobre a haste;
  • A parte ativa da alavanca deve ser apoiada entre o tecido ósseo do alvéolo e o dente a ser extraído;
  • Posicionar a alavanca na crista óssea do espaço interdental ou no espaço interradicular;
  • Tomar cuidado para não utilizar o dente vizinho como apoio da alavanca;
  • Produzir uma força progressiva e controlada na região mesial ou distal da raiz a ser extraída;
  • Não usar como ponto de apoio as corticais palatinas ou linguais.
ALAVANCAINDICAÇÃO
Apical reta 301Tipo de alavanca utilizada para iniciar a luxação e para remover raízes dentárias após a extração.
Apical reta 304
Apical reta 305
Apical angulada 302Usadas para auxiliar a remoção de pontas de raízes e espículas ósseas.
Apical angulada 303
Seldin reta 1Utilizadas para auxiliar em cirurgias, extrações, remoção de pontas de raízes e espículas ósseas em áreas de difícil acesso.
Seldin angulada direita 1R
Seldin angulada esquerda 1L
Apexo 301Possui a mesma função que a alavanca Heidbrink, mas a diferença fica em seu formato, que é mais achatado e sem curvas.
Apexo 302
Apexo 303
Heidbrink 1Usada para auxiliar o deslocamento dos ossos durante cirurgias.

Exodontia simples (fechada ou não cirúrgica)

Para realizar uma exodontia é necessário a expansão do osso alveolar e a separação da inserção dos tecidos periodontais e tecidos moles.

Os elevadores e fórceps são utilizados para promover uma força controlada que consiga expandir sem fraturar o processo alveolar, as raízes ou a coroa do dente.

Para isso é necessário ter conhecimento dos instrumentais e técnicas adequadas.

O manuseio adequado do fórceps envolve o seu encaixe na região apical, sem lesar estruturas adjacentes. Quando posicionado firmemente, minimiza o risco de fraturas das coroas ou raízes.

Há quem prefira descolar o tecido gengival ao redor do colo do dente com intuito de preparar espaço para as extremidades do fórceps.

Para promover a expansão do osso alveolar, sugere-se a introdução de um elevador apical, fazendo movimentos como uma cunha posicionada o mais próximo possível da região apical no alvéolo, no colo do dente a ser extraído.

Isso faz com que o alvéolo se expanda, os ligamentos periodontais afrouxem e o dente seja forçado em direção coronal.

Não se deve aplicar uma força intensa com o elevador, pois, pode resultar em fratura.

Com intuito de manter a atuação de uma força suave para expandir o alvéolo, a pressão de luxação pode ser aplicada utilizando o fórceps correto e bem-posicionado para agir como cunha no alvéolo.

É importante que o centro de rotação seja mantido o mais próximo possível da região apical e que as luxações sejam lentas.

À medida que o dente vai se soltando, o fórceps deve ser reposicionado cada vez mais próximo da região apical com intuito de aumentar a eficiência do instrumento e reduzir o risco de fratura.

A técnica de extração simples é geralmente indicada para dentes erupcionados, usando os métodos descritos anteriormente.

Após remover o dente, é importante realizar uma curetagem do alvéolo, assim como remover bordas ósseas pontiagudas.

Esses procedimentos devem ser seguidos por irrigação e compressão do alvéolo para realização da sutura.

Exodontia cirúrgica (técnica aberta de retalho)

A exodontia cirúrgica é indicada quando há a necessidade de força excessiva para extração, o que provocaria a fratura da raiz e/ou do osso alveolar.

Alguns exemplos de situações clínicas que podem exigir a realização de exodontia cirúrgica são

  • Impossibilidade de utilizar o fórceps, como um dente com a coroa totalmente destruída ou diante de uma raiz residual;
  • Coroa com sinais de atrição, o que pode reduzir muito seu comprimento e dificultar a utilização do fórceps;
  • Nos casos de hipercementose, pois, o excesso de cemento forma uma grande raiz, difícil de ser removida através da abertura do alvéolo;
  • Dentes com dilaceração radicular;
  • Dentes anquilosados, pois, a perda do ligamento periodontal dificulta o deslocamento do dente do alvéolo;
  • Terceiros molares erupcionados pois, na maioria das vezes, o acesso a eles é limitado, e a extração com fórceps é difícil de ser realizada;
  • Dentes tratados endodonticamente, especialmente quando presentes núcleos intrarradiculares, pois, são mais propensos a fraturas radiculares durante as extrações.

Complicações pós-operatórias

Procedimentos cirúrgicos em geral, podem envolver complicações pós-operatórias.

Sendo assim, mesmo diante de uma exodontia simples, devem ser consideradas complicações como:

  • Hemorragias;
  • Hematomas;
  • Equimoses;
  • Parestesias;
  • Edema;
  • Trismo;
  • Infecções.

Ao mesmo tempo, há um alto risco de desenvolvimento de alveolite, a qual pode estar relacionada a falhas no processo de cicatrização, trauma operatórios, condições sistêmicas, entre outros.

Clinicamente observa-se uma ferida óssea alveolar exposta com odor fétido, desprotegida pela desintegração do coágulo, provocando dor localizada que se potencializa e pode irradiar.

Cuidados pós-operatórios

Dentre os cuidados pós-operatórios, a higienização adequada é de suma importância.

O paciente deve higienizar a cavidade bucal normalmente, utilizando escova de dente, creme dental e antisséptico para bochecho, tomando cuidado com a área da ferida cirúrgica.

Nas primeiras horas após a realização da cirurgia, o paciente deve ser orientado a realizar um bochecho leve, evitando o deslocamento do coágulo e/ou da sutura.

Outros cuidados pós-operatórios, como repouso e alimentação são importantes para o processo de reparação tecidual.

É importante que o Cirurgião-Dentista oriente o paciente a evitar esforço físico nas próximas horas, e adotar preferencialmente uma alimentação líquida e/ou pastosa.

Além disso, o gelo, logo após a realização do procedimento, auxilia reduzindo o edema, a dor e o sangramento.

O paciente deve ser orientado a procurar atendimento imediatamente em caso de dor intensa, sangramento abundante, mal-estar, febre etc.

Ao contrário, o atendimento de sete a dez dias após realizado o procedimento é o suficiente para um acompanhamento adequado.

O ideal é que todas essas orientações supracitadas sejam descritas e fornecidas para o paciente levar para casa.

A Dental Speed oferece em seu portfólio uma ampla linha de folders informativos para diferentes especialidades e procedimentos clínicos, inclusive orientações para pacientes sobre cuidados pós-cirúrgicos.

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Por fim, apesar de a exodontia dentária ainda ser amplamente realizada, em muitos casos esse procedimento poderia ser evitado, se houvesse maior incentivo em relação à prevenção.

Sendo assim, uma higienização bucal adequada associada a consultas odontológicas periódicas são essenciais na prevenção de uma série de problemas odontológicos que podem se agravar ao longo do tempo e provocar a perda dentária.

Quer conferir mais conteúdos sobre prevenção e educação em saúde bucal? Leia as seguintes matérias aqui do Eu Amo Odonto:

Referências Bibliográficas:

Puricelli E. Técnica anestésica, exodontia e cirurgia dentoalveolar. (Abeno). Grupo A; 2013.

Prado R. Cirurgia Bucomaxilofacial: Diagnóstico e Tratamento. (2nd edição). Grupo GEN; 2018.

Pogrel MA, Kahnberg K, Anderson L. Cirurgia Bucomaxilofacial. Grupo GEN; 2016.

Silva-Junior MF, Sousa ACC, Batista MJ, Sousa MLR. Condição de saúde bucal e motivos para extração dentária entre uma população de adultos (20-64 anos). Cien Saude Colet. 2017;22(8):2693-702. http:// dx.doi.org/10.1590/1413-81232017228.22212015. PMid:28793083.

Silva DRB, Lucena CDRX, Cruz DF, Figueiredo N, Goes PSA, Lucena EHG. Análise do indicador de extração dentária a partir do contexto municipal. REFACS. 2018;6(2):220-7.

Publicado por
Profª Dra. Natália Galvão Garcia

Cirurgiã-dentista pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG), Mestre, Doutora e Pós-Doutora pela Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP), Professora Dra. do curso de Odontologia do Centro Universitário de Lavras (UNILAVRAS – MG). Atua no consultório nas áreas de Diagnóstico Oral, Cirurgia Oral Menor, Pacientes Especiais e Laserterapia. CROMG: 56425

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