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Mulheres na Odontologia

Estamos chegando ao mês de março e uma das datas que pautam esse mês a nível mundial é o Dia Internacional da Mulher, que marca a luta das mulheres ao redor do mundo por melhorias nas condições de trabalho e remuneração condizentes aos homens, direitos iguais, oportunidades de estudo e qualidade de vida mais dignas.


Mas você sabe por quê foi escolhida esta data em especial? Não? Então leia esse artigo. Nele vamos abordar a história dessa data tão importante ao redor do mundo, a história da mulher na área odontológica e como as mulheres conquistaram e vêm conquistando cada vez mais seu espaço na Odontologia e em outras áreas também.

Por que o Dia Internacional da Mulher é comemorado em 8 de março?

Escolheu-se esta data porque em 8 de março de 1917 cerca de 90 mil operárias se reuniram em um protesto na Rússia, onde reivindicavam melhores condições de trabalho e de vida.


Além de lutarem contra a fome e pedirem o fim da Primeira Guerra Mundial, elas também se manifestaram contra as ações de Czar Nicolau II. Mais tarde, essa marcha feminina ficou conhecida como Pão e Paz.


A comemoração do Dia Internacional da Mulher marca a importância da contribuição feminina na sociedade e a história da luta pelos seus direitos, que foram retirados e/ou suprimidos durante séculos, nos mais diversos âmbitos:

  • social; 
  • econômico;
  • político;
  • profissional.

Em homenagem à luta e às conquistas das mulheres, que vinham ao redor do mundo reivindicando melhorias nas suas vidas, o Dia Internacional da Mulher foi instituído pela ONU em 1975.


A história das mulheres esteve durante gerações marcada pela submissão, violência e exclusão de direitos. Felizmente, na atualidade as mulheres têm alcançado e garantido muitos direitos, mas a luta persiste, visto que muitas ainda sofrem com o preconceito, a desvalorização e o desrespeito frente aos homens.


Dessa forma, para homenagear todas as mulheres, esse texto se voltará para as que trabalham na área odontológica,  trazendo um pouco da história delas nesta profissão e como está sua atuação nos dias atuais.

Isso nos leva ao próximo tópico.


O caminho percorrido pelas mulheres para conquistar seu espaço na Odontologia

De certa forma, o  8 de março chancela a história da Odontologia brasileira e de tantas outras profissões que eram majoritariamente dominadas por homens.  A despeito de todo o preconceito e desvalorização enfrentadas, hoje a Odontologia tem sua ampla maioria composta por elas.


Como em outros âmbitos profissionais, as mulheres na Odontologia também foram – e continuam conquistando — seu lugar com trabalho, estudo, empreendedorismo e dedicação.


As mulheres pioneiras da então chamada medicina dentária iniciaram sua trajetória como assistentes e enfrentaram inúmeros preconceitos para se tornarem as protagonistas da história profissional.


Nos anos 60, quando os Conselhos de Odontologia foram criados, 90% do mercado de trabalho odontológico no Brasil era composto por homens.  Atualmente a realidade é outra. 

As mulheres comportam mais de 71,82%, dos profissionais na área da Odontologia – incluindo nessa porcentagem cirurgiãs-dentistas, profissionais técnicas e auxiliares. 

Somando por volta de 381 mil profissionais do sexo feminino atuando em todo o país.


O avanço da representatividade da mulher no âmbito da Odontologia ocorre inclusive em:

  • grupos de estudos e pesquisas científicas; 
  • lideranças políticas e sindicais;
  • coordenações municipais e estaduais de saúde;
  • presidências de diversos Conselhos Regionais de Odontologia;
  • coordenação-Geral de Saúde Bucal do Ministério da Saúde;
  • plenário de gestão do Conselho Federal de Odontologia.

Quer saber mais sobre dentistas na área científica? Leia o artigo Carreira científica na Odontologia e a presença de mulheres na ciência


A presença da mulher em diferentes áreas é uma conquista advinda de muita luta, iniciada pelas primeiras dentistas do Brasil e do mundo.


Primeiras Dentistas Mulheres no Mundo

A conquista do lugar feminino na Odontologia a nível mundial, além de direitos e igualdade nesta profissão, iniciou com Lucy Beaman Hobbs Taylor (1833-1910), que foi a primeira mulher a receber um título de graduação com a terminologia profissional de Cirurgiã-Dentista nos Estados Unidos.


Essa caminhada que culminou com a graduação de Lucy iniciou ainda no século XIX, quando começaram a surgir as primeiras faculdades de Odontologia. Mas, mesmo com a disponibilidade dessas graduações, as mulheres tiveram que lutar muito para poderem ingressar no curso, concluírem suas graduações e obterem suas licenças de atuação, bem como adquirirem o merecido reconhecimento.


Lucy Taylor se interessou, em um primeiro momento, pela medicina, mas foi recusada pela faculdade de Ohio, que sugeriu que ela fosse pelo caminho da Odontologia. Em 1861, optou pela faculdade de Odontologia , porém, por ser mulher seu acesso foi negado, como ocorrera na medicina.


Ela então foi trabalhar no consultório de Jonathan Taff, que na época era o diretor da faculdade de Odontologia de Ohio. Com a prática diária, Lucy optou por ter o seu próprio consultório (na época, a atividade prática era permitida sem a graduação), mas somente muitos anos mais tarde ela foi reconhecida pelo seu talento na Odontologia e finalmente foi admitida pela Sociedade Odontológica de Iowa.


Tal fato influenciou a Ohio College of Dental Surgery, que admitiu Lucy Taylor como aluna, concedendo a ela o diploma de cirurgiã-dentista, tornando-se a primeira mulher a deter esta graduação nos Estados Unidos.


Após esse fato, casou-se com James Taylor e ensinou a prática da Odontologia ao marido, então os dois trabalharam em parceria até a morte dele em 1886, quando Lucy passou a lutar ativamente pelos direitos das mulheres.


Outra pioneira da Odontologia foi Emeline Roberts Jones, contemporânea de Lucy Beaman Hobbs, moradora de Nova York, que historicamente é considerada a primeira dentista da América. Iniciou na profissão com apenas 17 anos, em 1854, logo após seu casamento com o Dr. Daniel Albion Jones, em Connecticut.


Porém, Emeline atuou no exercício da profissão durante 34 anos antes de ser reconhecida como membro efetivo da Connecticut State Dental Society, no ano de 1912.


Primeiras dentistas mulheres no Brasil

No Brasil, a história das mulheres na Odontologia iniciou no âmbito familiar através dos pais e maridos cirurgiões-dentistas que passavam o seu ofício adiante para suas filhas, esposas, sobrinhas…


Foi no final do século XIX que as mulheres brasileiras passaram a ter acesso ao ensino de nível superior e este evento coincidiu com a criação de cursos específicos na área da Odontologia.


A primeira brasileira a ter um diploma de graduação em Odontologia foi Antonia d’Ávila, que concluiu seu curso no Colégio da Pensilvânia, nos Estados Unidos.


Já aqui nas terras brasileiras, a primeira mulher a se graduar na área odontológica foi Isabella Von Sydow (isso ocorreu 40 anos após a graduação de Lucy Beaman Hobbs Taylor nos EUA). Ela era a única mulher que compunha o time dos quatro profissionais formados pela primeira turma da escola de Odontologia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.


Deolinda Caldeira Begalk, foi a primeira dentista inscrita formalmente no estado de São Paulo.


Presença das mulheres na Odontologia nos dias de hoje

As mulheres já são maioria na Odontologia desde os anos 90 aqui no Brasil.

Mas isso não foi sempre assim, pelo contrário. Um estudo sobre o perfil dos cirurgiões-dentistas brasileiros, conduzido pela Faculdade de Odontologia de São Paulo, mostrou que nos anos 60 os dentistas eram em sua maioria homens, representando 90% dos profissionais registrados na época no Conselho Federal de Odontologia.


Passados 40 anos, as cirurgiãs-dentistas se tornaram a maioria, atingindo a marca de 56,3% dos profissionais com registro ativo no final dos anos 2000. 

Isso acompanhou o aumento do acesso das mulheres ao nível superior, processo este que iniciou na década de 1980 e que reverberou nas salas de aula das escolas de Odontologia onde mais mulheres se graduavam nesta área do que homens.


Nos anos 90, a categoria profissional tornou-se, em sua maioria, feminina. Na atualidade, segundo dados coletados em 2018 pelo IBGE, 69,6% das dentistas são mulheres e elas mantêm-se firmes na liderança do quadro de profissionais da Odontologia com registro ativo no CFO:

  • 337.336 são mulheres
  • 147.114 são homens

Ainda de acordo com pesquisas, as mulheres na Odontologia são a maioria dos profissionais com registro de especialidades no CFO.


Principais desafios enfrentados pelas mulheres na profissão

O machismo dificultou significativamente a entrada das mulheres nos cursos de Odontologia, mas não as impediu totalmente de atuarem na profissão. Com o passar dos anos, elas foram abrindo as portas das faculdades de Odontologia, conquistando seu espaço e tornaram-se maioria na área.

Mas as precursoras dessa maioria que hoje impera, não impediu que muitas mulheres sofressem com preconceito e machismo. Dentistas mulheres formadas na década de 50 relataram que professores tinham expressões muito preconceituosas e que isso era falado de forma aberta, para qualquer um ouvir. 


Os comentários eram:

  • que elas deveriam ir embora;
  • que estavam tomando o lugar de um chefe de família;
  • que elas tinham que procurar um marido;
  • entre outras frases misóginas que as mulheres ouvem ainda hoje.

As críticas ao trabalho feminino nessa época eram inclusive veiculados nos meios de comunicação. Notícias às vezes pautadas pela ironia falavam jocosamente sobre as primeiras dentistas diplomadas.


O trabalho desempenhado pelo público feminino só era considerado válido se fosse realizado por mulheres solteiras, ou fosse para suprir necessidades do lar ou relacionado a profissões que exigiam qualidades consideradas femininas ou voltadas para a clientela feminina e infantil, tais como: parteira, professora primária, enfermeira, pediatria, odontologia infantil, etc.


As cirurgiãs-dentistas de hoje também são mulheres fortes e determinadas, como foram suas antecessoras na história da Odontologia.


Mas mesmo com maior acesso e liberdade para cursar a graduação e exercer a profissão, ainda precisam mostrar a sua competência para obter ganhos salariais iguais aos colegas homens, além de terem que superar questões de gênero e misoginia que interferem no cotidiano dos consultórios.

Dicas de cuidados com a saúde bucal feminina 

Como estamos falando das mulheres na Odontologia, não estamos apenas focando nas que trabalham na área, mas também do público feminino que vem aos consultórios odontológicos para receberem cuidados no seu sorriso!


Por isso, vamos abordar também algumas dicas de saúde bucal feminina.

Como mais aspectos corporais femininos, a saúde bucal das mulheres também é diferente dos homens e necessita de cuidados especiais.


Selecionamos os mais importantes de acordo com a faixa etária. 


Infância e pré-adolescência

Os dentes nesta fase ainda não estão completamente formados, eles terminam sua mineralização em torno de dois anos após apontarem na boca.


Nessa faixa etária é importante realizar avaliações odontopediátricas frequentes, a fim de avaliar o desenvolvimento ósseo e o posicionamento dos dentes. Isso previne que eles ocorram de maneira incorreta e possibilita a interceptação ortodôntica ou ortopédica precoce, tendo melhores resultados.


Juventude

Em mulheres jovens, algo que vem se tornando recorrente é a erosão ácida do esmalte dental, em função da maior ingestão de bebidas e alimentos ácidos, além do consumo desenfreado de produtos industrializados que também contém substâncias acidulantes na composição. O profissional da Odontologia pode auxiliar, dando dicas de controle para esta acidez.

Meia idade: 30 a 40 anos

É frequente o surgimento de retrações gengivais e exposição da dentina da raiz dos dentes, resultando em sensibilidade dentinária. 


Além do cuidado com a dieta, é importante avaliar se os contatos dentários estão corretos, já que dentes que recebem contatos prematuros ou contatos interferentes comumente tendem a sofrer com a retração gengival e/ou perda de estrutura dentária próximo a gengiva.


Terceira idade

Depois da menopausa algumas mulheres sentem a diminuição da salivação e isso pode favorecer o surgimento de cáries. O foco também é a prevenção e tratamento de cáries de raízes, que podem levar a perda dentária muito rápido.


Gestantes

Já no planejamento da gestação, é importante que a escovação e o uso do fio dental sejam intensificados reduzindo o risco de gengivite e periodontite. 

Caso a mulher tenha a  necessidade de realizar algum procedimento odontológico, este deve ser feito no planejamento ou preferencialmente no segundo trimestre.


Na gestação em si os cuidados com a higiene continuam e devido à alterações hormonais, náuseas, mudanças na dieta e refluxos, é comum o surgimento de lesões, cáries e doenças periodontais em algumas gestantes. 


Cuidados inerentes a qualquer idade

  • uso de pasta de dente com flúor, no mínimo três vezes ao dia;
  • limpeza com fio dental após as refeições;
  • dieta com baixa ingestão de açúcares e carboidratos simples;
  • aumento do consumo de alimentos ricos em cálcio.

As mulheres na Odontologia são mais que apenas dentistas!

Além das cirurgiãs-dentistas, outras categorias que trabalhavam em conjunto com essas profissionais, como atendentes, auxiliares, secretárias, recepcionista, etc, são compostas majoritariamente por mulheres e isso perdura até hoje.


A preocupação e cuidado com a saúde bucal, que começou no início do século XX, abriu o campo de trabalho tanto para dentistas formadas como para um número expressivo de trabalhadoras na área da saúde.


Com este artigo homenageamos todas as mulheres, especialmente as que atuam direta ou indiretamente na área da Odontologia.

Quer conferir mais conteúdos sobre temas relevantes na área odontológica? Acesse a página da Diversidade na Dental Speed.

Publicado por
Liane Vellozo

Graduada em Publicidade e Propaganda pela UFN Universidade Franciscana, especialista em Produção de Conteúdo para Web.

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