O atendimento odontológico a gestantes ainda é um tema bastante controverso, devido aos diversos mitos, tabus e dúvidas existentes.
Frases como “Grávidas não podem fazer tratamento odontológico”; “É melhor esperar o bebê nascer para fazer o tratamento”; “Estou precisando de tratamento odontológico, mas não posso fazer porque estou grávida” são muito comuns.
Contudo, pacientes nessa condição não só podem como devem ter um acompanhamento com o cirurgião-dentista para garantir a sua saúde bucal, sistêmica e do bebê.
Acompanhe a matéria para saber mais sobre esse tema, esclarecer os mitos mais recorrentes e conferir os cuidados que devem ser tomados no atendimento odontológico de pacientes durante a gestão.
Associação entre saúde bucal e saúde sistêmica da paciente gestante
A gestação é um período que provoca diversas alterações no organismo feminino, sendo elas de ordem cardiovascular, hematológicas, respiratórias, renais, gastrointestinais e, especialmente, endócrinas.
Essas alterações também podem refletir em alterações no meio bucal, provocando diminuição do fluxo salivar, alteração do pH e favorecendo o aparecimento de microrganismos periodontopatogêncios.
Desse modo, a saúde bucal não deve ser tratada isoladamente da saúde geral da gestante, sendo crucial o pré-natal odontológico para a promoção da saúde bucal da gestante e para a prevenção da saúde geral do bebê.
Para isso é necessário que saibamos identificar os principais mitos e verdades no atendimento odontológico a mulheres grávidas. Confira no próximo tópico!
Mitos e verdades do atendimento odontológico a gestantes
Existem diversos mitos e verdades em relação ao atendimento odontológico de mulheres durante a gravidez.
A seguir, listaremos os principais deles:
❌ Mito – Gestantes desenvolvem mais lesões cariosas, pois perdem minerais como o cálcio para formação dos dentes do bebê.
O cálcio necessário para a formação dos dentes provém da alimentação materna, não havendo nenhum processo de perda de minerais dos dentes das gestantes.
❌ Mito – Grávida não pode tomar anestésico para realização de tratamento odontológico.
O uso de anestésicos é permitido, desde que a substância não contenha vasoconstritores.
❌ Mito – Gestante não pode fazer raio x em hipótese alguma.
Os exames radiográficos devem ser evitados no primeiro trimestre e podem ser realizados em situações de extrema necessidade seguindo as normas de segurança.
✅ Verdade – A gestação favorece o surgimento de cáries.
Isso ocorre devido às alterações hormonais que causam diminuição do fluxo salivar, favorecendo assim, a incidência de cáries.
✅ Verdade – O aumento na produção de hormônios favorece a gengivite.
As variações hormonais promovem uma dilatação dos vasos sanguíneos, provocando uma resposta exagerada dos tecidos gengivais. Além de favorecer o aparecimento de microrganismos periodontopatogêncios.
✅ Verdade – A periodontite pode causar parto prematuro.
Os microrganismos presentes na placa bacteriana estimulam a produção de prostaglandina, a qual pode provocar contrações do útero, acelerando o trabalho de parto.
Quais cuidados devem ser tomados para um atendimento à paciente gestante seguro?
Além de desmistificar o tratamento odontológico de gestantes, também é necessário saber quais cuidados e precauções devem ser adotados para assegurar a saúde materno-infantil.
A conduta de cirurgiões-dentistas no atendimento a pacientes grávidas inclui:
- Realizar uma anamnese minuciosa para avaliar o estado geral de saúde, a qual, posteriormente, deve ser assinada pela paciente;
- Orientar a paciente quanto à dieta alimentar e realização da higiene bucal adequada;
- Realizar consultas curtas pela manhã, quando os enjoos são menos frequentes;
- Monitorar constantemente durante o atendimento os sinais vitais (pulso, frequência respiratória, pressão arterial e temperatura) da paciente;
- Prevenir a hipotensão postural posicionando a paciente em decúbito lateral esquerdo ou elevando seu quadril direito com uma almofada de 10 centímetros;
- Ao fim da consulta, posicionar a paciente sentada por alguns minutos antes de ficar de pé, para prevenir tonturas;
- Realizar o tratamento odontológico com base no trimestre da gestação.
Tratamento odontológico em cada trimestre da gravidez
As intervenções odontológicas devem ser realizadas conforme o período gestacional da paciente.
Confira as principais indicações de procedimentos para cada trimestre da gravidez:
Primeiro trimestre (Semanas 1 a 12)
O primeiro trimestre de gestão é o período menos adequado para realização de tratamento odontológico, pois é quando ocorrem as principais transformações embriológicas.
Os atendimentos deverão ser restritos à identificação e eliminação de focos infecciosos, profilaxias e tratamentos restauradores básicos. Procedimentos mais complexos devem ser adiados para o segundo trimestre, quando o risco de complicações é menor.
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Segundo trimestre (Semanas 13 a 27)
O seguindo trimestre é considerado o período mais estável da gestação para a realização de intervenções clínicas e procedimentos odontológicos essenciais.
É uma fase segura para tratamentos profiláticos, cirúrgicos, restauradores, reabilitadores, raspagem, e até mesmo endodontias e exodontias, se necessários.
Terceiro trimestre (Semanas 28 a 40)
Não é recomendado realizar sessões prologadas no último trimestre de gestação, já que pacientes nessa condição podem apresentar hipotensão postural e aumento da frequência urinária.
O cirurgião-dentista pode até realizar procedimentos restauradores básicos, profilaxias e fluorterapias, contudo, grandes reabilitações e cirurgias invasivas devem ser evitadas e agendadas somente para depois do nascimento do bebê.
Em geral, é recomendado que a gestante seja atendida pelo dentista pelo menos uma vez a cada trimestre, com foco na sua saúde bucal e na do bebê.
Orientações para procedimentos odontológicos em gestantes
Além de considerar o período da gestação, outros cuidados são recomendados para garantir uma experiência odontológica segura e sem complicações para pacientes nessa condição.
Tomadas radiográficas
As tomadas radiográficas podem ser realizadas em gestantes preferencialmente no 2º trimestre de gravidez.
Durante o procedimento, é fundamental proteger a paciente com avental plumbífero e protetor de tireoide. Além disso, recomenda-se utilizar filmes ultrarrápidos que permitam menor tempo de exposição, evitando erros técnicos durante a radiografia.
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Anestésicos locais, tópicos ou injetáveis
A escolha do anestésico é outro fator importante para o atendimento odontológico de pacientes grávidas. A solução de escolha em anestésicos é a lidocaína a 2% com adrenalina (1:100.000).
O fármaco deve ser usado considerando a dose máxima de dois tubetes por sessão, realizando sempre aspiração prévia e injeção lenta da solução.
Medicamentos
Nos casos em que a prescrição medicamentosa for necessária, optar por:
Analgésicos: o de escolha é o paracetamol (500mg ou 750 mg de 6/6h, em caso de dor), podendo ser usado também durante a amamentação sem acarretar problemas ao recém-nascido, pois se encontra em pequenas quantidades no leite materno;
Anti-inflamatórios: em casos de cirurgias e tratamentos endodônticos invasivos que não puderam ser adiados, utilizar dexametasona em dose única de 4mg. O uso deve ser interrompido oito semanas antes da data prevista para o parto;
Antibióticos: as penicilinas são as mais indicadas, com preferência para a amoxicilina. Em casos de alergia à penicilina, é recomendado usar eritromicina ou cefalosporinas.
Emergências médicas
Em emergências médicas, o cirurgião-dentista deve atuar de acordo com cada caso apresentado pela gestante:
Síncope
Quando ocorre um desmaio e/ou perda de consciência. Neste caso, a conduta a ser tomada é colocar a paciente deitada do lado esquerdo, com a cabeça e o coração ao mesmo nível e as pernas elevadas, por cerca de 20 minutos. Se ela não apresentar melhora, pode ser necessário o atendimento hospitalar.
Iminência de parto
Podemos considerar como iminência de parto: sangramentos, cólicas e ruptura da bolsa amniótica. Nessa situação, é necessário colocar a paciente deitada em decúbito lateral esquerdo e fazer sua remoção para ambiente hospitalar.
Eclampsia
Quando há elevação da pressão e convulsões, é preciso levar a paciente o mais rápido possível para o hospital para que receba os cuidados necessários.
Considerando que estudos científicos já comprovaram a relação existente entre a saúde bucal e a saúde geral da gestante, bem como as suas implicações no feto, é importante destacar a importância do atendimento odontológico durante a gestação.
É imprescindível que o cirurgião-dentista esteja apto a prestar um atendimento diferenciado à gestante, para que se promova a saúde bucal da mãe e, consequentemente, do bebê.
Isso inclui esclarecer dúvidas, oferecer orientações sobre os cuidados bucais nesse período e realizar procedimentos e técnicas adequadas a cada estágio da gestação.
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