Especialidade Odontogeriatria
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a expectativa de vida da população vem aumentando em todo mundo, resultando em um grande número de idosos. Por isso, vamos entender mais sobre a Odontogeriatria, uma especialidade relativamente nova na Odontologia.
Com a pandemia do Coronavírus muito se comentou sobre os idosos, devido a fazerem parte do grupo de risco de pessoas a se infectar com o COVID-19. No último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foram identificados mais de 30 milhões de idosos vivendo no Brasil.
Essa longevidade populacional traz consigo o ideal de envelhecer de forma saudável, com qualidade de vida e bem-estar, sendo fundamentais maiores cuidados com a saúde em geral.
Deste modo, quando falamos em saúde em geral, estamos nos referindo a ter um olhar atento e especializado para às necessidades do indivíduo como um todo.
A Odontogeriatria é o ramo da odontologia que enfatiza o cuidado bucal da população idosa, especificamente participando da promoção do envelhecimento saudável, através de procedimentos preventivos, curativos e paliativos.
Reconhecida em 2002 pelo CFO, a Odontogeriatria estuda o envelhecimento do sistema estomatognático, realiza diagnósticos, reabilitação oral e tratamento das manifestações bucais.
Além disso, estuda as derivadas de terapias medicamentosas dentre outras patologias sistêmicas, sempre trabalhando junto à uma equipe multidisciplinar para atender todas as necessidades do idoso.
Mudanças no Sistema Estomatognático
Sabe-se que com o avanço da idade, se aumenta a presença de doenças sistêmicas, o uso de medicamentos contínuos, entre outras manifestações decorrentes do comprometimento do sistema imune. Esses fatores influenciam diretamente na condição bucal desses indivíduos.
Estudos recentes têm mostrado que aproximadamente 68% dos idosos no Brasil são edêntulos. Na grande maioria dos casos, fazem uso de próteses dentárias para restabelecer a função mastigatória.
Esse alto índice de pacientes edêntulos está ligado ao grau de colapso aumentado dos tecidos periodontais decorrentes da idade, associado as más condições de higiene oral.
Apesar do benefício das próteses na reabilitação oral, o seu uso favorece o aparecimento de diversas manifestações bucais.
Afinal, quando mal adaptadas, velhas ou mal higienizadas é comum a ocorrência de hiperplasias fibrosas inflamatórias, úlceras traumáticas, estomatite e candidíase.
A candidíase também pode estar associada ao comprometimento do sistema imune com o avanço da idade. Pois a imunidade comprometida favorece o aparecimento de infecções oportunistas.
Igualmente, vale ressaltar que o uso de medicamentos de uso contínuo entre os idosos é bastante comum, podendo provocar efeitos colaterais na cavidade bucal.
Podemos citar alguns efeitos colaterais de medicamentos nos idosos:
- xerostomia;
- hiperplasia medicamentosa;
- Alteração do paladar;
- alteração na coloração dos dentes;
- maior sensibilidade da mucosa;
- língua saburrosa;
- entre outras.
O envelhecimento também está ligado ao aumento da incidência de câncer devido às diversas alterações fisiológicas relacionadas à idade, que determinam conjuntamente alterações moleculares que combinada a fatores mitogênicos e associadas à desregulação do sistema imunológico favorecem a proliferação celular desordenada provocando o aparecimento de tumores na cavidade bucal e em outros locais.
Cuidados especiais com pacientes idosos
Ao mesmo tempo, considerando-se as diferenças fisiológicas, patológicas e psicológicas decorrentes do processo de envelhecimento, é imprescindível que o cirurgião dentista esteja atento para algumas questões durante os procedimentos odontológicos.
Para isso, o profissional precisa ter conhecimentos específicos e sempre considerar que estes pacientes apresentam baixa resistência ao estresse, susceptibilidade a infecção, reparo tecidual mais lento entre outras alterações sistêmicas. Além disso, é fundamental determinar a capacidade física e emocional do paciente.
Primeiramente é essencial que seja feita uma anamnese detalhada. A ideia é identificar a condição do sistema imunológico, as manifestações sistêmicas, o uso de medicamentos contínuos, dentre outras necessidades especiais. Isso permite a realização de um plano de tratamento adequado e a prevenção de complicações e sequelas.
Logo, em casos em que o paciente apresente deficiência de memória, problemas auditivos ou visuais ou ainda dificuldade para compreender e responder às perguntas, a presença de algum familiar ou cuidador se faz necessária.
Atendimento odontológico diferenciado
Antes de mais nada, considerando as limitações físicas portadas pela maioria dos idosos, é importante que o consultório esteja adaptado para receber esses pacientes. O ideal é possuir portas para cadeirantes, barras de apoio no banheiro, rampas de acesso, buscando facilitar a acessibilidade.
Em relação ao atendimento odontológico, as consultas devem ser breves e preferencialmente realizadas pela manhã, quando os idosos toleram melhor os procedimentos. O exame clínico deve ser minucioso, identificando possíveis manifestações bucais como xerostomia, candidíase, doença periodontal entre outras patologias.
Assim também, os procedimentos odontológicos mais invasivos, principalmente os cirúrgicos, devem ser bem planejados e executados com maiores cuidados. No sentido de minimizar traumas, manejar delicadamente os tecidos e utilizar técnicas hemostáticas eficientes para conter o sangramento.
Diante da necessidade de prescrever algum medicamento é importante escolher fármacos que não interfiram na ação dos medicamentos contínuos e sejam adequados às condições sistêmicas do paciente.
Sobretudo, o cirurgião-dentista especializado ou não em Odontogeriatria tem que ter em mente que o atendimento odontológico ao idoso faz parte de um tratamento multidisciplinar. Ou seja, o dentista faz o seu trabalho junto à uma equipe de outros profissionais, visando a saúde do paciente como um todo.
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