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Níveis de Prevenção na Odontologia

Níveis de prevenção na Odontologia

A prevenção é fundamental para manutenção da saúde da população, é ela a peça-chave para redução de riscos de desenvolvimento de doenças que afetam de forma geral os indivíduos. Na Odontologia isso não é diferente, afinal, é grande o número de doenças ocasionadas pela má higiene bucal.  

Nesse sentido, a prevenção deve ser cada vez mais estimulada nos consultórios privados e públicos, em programas e ações governamentais e demais âmbitos, a fim de reduzir a incidência de distúrbios bucais e não bucais que acometem a sociedade. 

Os níveis de prevenção, muito abordados na área de saúde coletiva, tiveram sua origem na década de 70, a partir de estudos de Leavell e Clark baseados na História Natural da Doença. São classificados em nível de prevenção primária (P1), secundária (P2) e terciária (P3) e atualmente têm sido empregados em serviços de saúde, ações sociais e políticas públicas.  

Ao longo deste artigo vamos compreender a origem dos níveis de prevenção, as ações praticadas em cada um dos níveis dentro da Odontologia e a importância deste tema para a manutenção da saúde da população como um todo.

História Natural da Doença

Primeiramente, antes de abordar os níveis de prevenção, é importante entendermos um pouco mais sobre a história natural da doença, afinal, foi através destes estudos que Leavell e Clark chegaram ao modelo proposto. 

Quando falamos de História Natural da Doença, estamos nos referindo ao desenvolvimento de determinada patologia ao longo do tempo, desde a exposição do paciente até seu encerramento, sem quaisquer intervenções humanas, ou seja, a doença seguindo o seu curso natural. 

Assim, de forma resumida, as doenças passam por três períodos específicos:

Período de Pré- Patogênese:

A doença ainda não está instalada, existindo apenas interações entre agente infeccioso, hospedeiro (ser humano) e o ambiente. Nesta etapa o indivíduo está apenas exposto e suscetível a adquirir determinada patologia.

Período de Patogênese ou Fase Clínica: 

Este é o período em que a patologia está em desenvolvimento no organismo do hospedeiro. Ocorrem mudanças patológicas, a doença passa do período de incubação para período sintomático e infeccioso, se for o caso.  

Período de incapacidade residual:

Por fim, com a doença seguindo seu curso natural, sem intervenções, o indivíduo pode se recuperar, se tornar portador, vir a óbito ou desenvolver deficiências.

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Níveis de prevenção

Os níveis de prevenção são divididos em Prevenção Primaria, Secundária e Terciária (P1, P2 e P3) e estão diretamente relacionados às etapas do desenvolvimento de uma patologia, começando na pré- patogênese. De tal forma que, ao colocá-los em prática, é feita uma intervenção na evolução da doença, impedindo seu curso natural.

Prevenção Primaria

A prevenção primária (P1) engloba os níveis 1 – Promoções de saúde e 2 -Proteção Específica, e trata-se das medidas tomadas antes do desenvolvimento de determinadas doenças -período pré-patogênico – a fim de preveni-las, eliminando causas e fatores de risco.

Promoção da saúde (Nível 1)

Este primeiro nível, que trata da promoção da saúde, está relacionado à criação de condições de saúde para que a população viva de forma digna, ou seja, ações voltadas para a qualidade de vida dos indivíduos.  

Assim, trata de questões mais amplas e generalistas, como nutrição, moradia, saneamento básico, etc., no sentido de habilitar a população a resistir às doenças. É nessa etapa que entram as ações governamentais, com foco em políticas e programas de saúde pública.

Proteção Específica (Nível 2)

Refere-se às medidas específicas que são realizadas para redução da incidência de certas patologias, antes até mesmo de sua manifestação. É o exemplo de medidas governamentais como vacinação, iodização do sal, distribuição de preservativos, entre outras.   

Em relação a doenças relacionadas à saúde bucal, podemos citar: 

  • Aplicação Tópica de Flúor; 
  • Água fluoretada; 
  • Dieta não cardiogênica; 
  • Higiene Bucal Supervisionada.

Prevenção secundária

Na prevenção secundária (P2) estão as ações voltadas para detecção de distúrbios em fase inicial ou tratamento de doenças em desenvolvimento, com o intuito de minimizar eventuais danos ao paciente.  

A prevenção secundária abrange os níveis de prevenção 3 – Diagnóstico Precoce e Pronto tratamento e 4- Limitação do dano, como vemos a seguir:

Diagnóstico Precoce e Pronto tratamento (Nível 3)

Compreende a etapa de evolução da doença, com diagnóstico precoce e pronto tratamento, a fim de tratar a doença o mais cedo possível. Nessa etapa já se manifestam sintomas que podem ser detectados por avaliação e exames complementares.  

Isso pode ocorrer em tratamentos via SUS e/ou consultórios particulares, onde o há atuação clínica do cirurgião-dentista visando a redução de riscos ao paciente.

Limitação do dano (Nível 4)

Nessa etapa de prevenção, a doença já está instalada e em fase avançada, contudo, como estamos tratando de prevenção em sentido amplo, o foco agora é prevenir que a patogênese avançada se torne algo pior, causando maiores prejuízos ao paciente, a curto e longo prazo.  

Na Odontologia, as medidas tomadas pelo cirurgião-dentista neste nível de prevenção variam de acordo com o caso clínico, todavia costuma englobar tratamentos restauradores, tratamentos endodônticos, indicação de prótese fixa unitária, etc.

Prevenção terciária

Com o intuito de prevenir danos que prejudiquem o dia a dia do paciente após passar pela doença, o nível 5 foca na reabilitação do paciente, tratando sequelas e reintegrando- o na sociedade.

Reabilitação (Nível 5)

Nessa etapa, as patologias que acometeram o paciente anteriormente podem acarretar a perda de dentes, lesões avançadas, perda óssea, dentre outros problemas bucais que afetam a parte funcional e/ou estética do indivíduo. 

Assim a reabilitação inclui tratamentos protéticos, indicação de implantes, etc. e ainda pode envolver demais profissionais como nutricionistas, psicólogos, fonoaudiólogos, para um tratamento reabilitador completo.

Níveis de prevenção da cárie dentária

A cárie é uma doença multifatorial, infectocontagiosa e que afeta boa parte da população mundial. Segundo estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), trata-se da segunda doença mais comum a acometer os indivíduos, ficando atrás apenas do resfriado.  

Devido aos riscos e a alta taxa de incidência, a prevenção da cárie dentária tornou-se uma das principais e mais importantes medidas de saúde pública. Confira a seguir as ações empregadas para prevenção, tratamento e reabilitação de pacientes acometidos pela cárie dentária, nos diferentes níveis:

Nível 1: Promoção da saúde

Esse nível engloba ações amplas, não diretamente ligadas à cárie, como saneamento básico, nutrição da população, moradia, etc.  

Essas ações cuidam da saúde como um todo, antes mesmo de o paciente manifestar qualquer doença, e preparam, neste caso, as estruturas dentárias dos indivíduos para resistir às patologias.

Nível 2: Proteção específica da cárie

Abordagem é feita ainda de forma preventiva, mas as ações são direcionadas para a doença específica.  

Nessa etapa, é possível reduzir fatores de risco da cárie, aumentando a resistência do esmalte dentário por meio de: 

– Produtos e substâncias fluoretadas como: água fluoretada, comprimidos de fluoreto de sódio, cremes ou géis dentais com flúor; 

– Aplicação de selante resinoso em fóssulas e fissuras, que tem se mostrado uma opção segura e duradoura contra a instalação e avanços da cárie.

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Nível 3: Diagnóstico Precoce da Cárie e Pronto tratamento

Se as ações dos níveis anteriores não aconteceram, nessa etapa a cárie começa a se manifestar, podendo ser descoberta de forma precoce e tratada de imediato. 

O tratamento da cárie pode englobar exames clínicos, radiografias para diagnóstico de lesão e grande foco na remineralização da estrutura dentária.

Nível 4: Limitação dos danos da cárie

Nesta etapa a cárie já está instalada, tendo sinais e sintomas perceptíveis até mesmo para o paciente, é necessária a execução de procedimentos clínicos.  

Assim entramos no âmbito da Odontologia Curativa, seja na área de dentística, periodontia, endodontia, de acordo com o caso específico e fase em que a cárie se encontra, com o intuito de limitar o dano ao paciente.

Nível 5: Reabilitação

Até o nível 4, que aborda limitação dos danos da cárie, o dentista ainda trata de elementos dentários, superfícies e lesões, a fim de reduzir sequelas da cárie.  

Neste último nível, o paciente, que já esteve exposto a cárie, apresenta grandes problemas de mastigação, oclusão, perda óssea, além de questões estéticas e psicológicas que não podem ser deixadas de lado.  

Sendo assim, esse é o momento de reabilitar o paciente de forma funcional e estética. A reabilitação costuma ser feita com próteses totais, e de acordo com o caso clínico, exige a cooperação de uma equipe multidisciplinar, com profissionais de diferentes especialidades médicas.

Níveis de prevenção das periodontopatias

As Periodontopatias são doenças relacionadas a gengiva e periodonto, como periodontite, gengivite, abcessos periodontais, etc.  

Inúmeros estudos já comprovaram a relação entre periodontopatias e problemas cardiovasculares, além disso, também se estuda a ligação dessas doenças com o desenvolvimento de cânceres. 

Dessa forma, a longo prazo, as periodontopatias se tornam um grande problema que afeta, principalmente a qualidade de vida da população idosa.

Nível 1: Promoção da saúde

Neste primeiro nível não há ação específica que contribuía para a prevenção das periodontopatias, assim, as medidas estão mais relacionadas à nutrição e dieta da população de forma geral, o que indiretamente contribui para a saúde e fortalecimento dos tecidos periodontais.

Nível 2: Proteção específica

Neste segundo nível, que trata da proteção específica, podemos considerar medidas que, se realizadas em conjunto, contribuem para a manutenção da saúde bucal, o que consequentemente reduz os riscos de desenvolvimento da doença. É o exemplo de idas frequentes ao dentista, profilaxias profissionais, controle de placa, prevenção da cárie e tratamentos restauradores de qualidade.

Nível 3: Diagnóstico Precoce da periodontopatia e Pronto tratamento

No terceiro nível, entram os procedimentos que envolvem o diagnóstico das periodontopatias e tratamentos mais simples, que o próprio clínico geral pode executar, como curetagem gengival, gengivoplastia, desgaste seletivo, entre outros.

Nível 4: Limitação dos danos das periodontopatias

Neste nível as periodontopatias já estão desenvolvidas, o profissional deve atuar tentando minimizar os danos da doença no paciente. Aqui o tratamento já é feito pelo Periodontista, pois envolve procedimentos cirúrgicos invasivos como osteotomias, gengivectomias e uso de enxerto ósseo.

Nível 5: Reabilitação após periodontopatias

A perda dentária é comum no caso final de doenças envolvendo gengiva e periodonto, logo, essa etapa aborda a reabilitação oral e, dependendo do caso, indicação de prótese total.

Saúde Coletiva e Saúde da Família

O dentista que deseja contribuir para promoção e proteção da saúde, pode se especializar em Saúde Coletiva e da Família.  

Nesta área o atendimento do paciente é feito com visão integral da saúde, considerando, além da saúde bucal, suas necessidades sociais e emocionais.  

De acordo com o CFO, o profissional especialista na área pode atuar em: 

  • análise socioepidemiológica de distúrbios relacionados à saúde bucal de uma comunidade 
  • controle de doenças; 
  • Vigilância Sanitária; 
  • organização de serviços da saúde; 
  • desenvolvimento de práticas de saúde bucal no SUS (Sistema Único de Saúde);
  • gerenciamento de setores de administração em saúde pública; 
  • elaboração e execução de ações e programas de saúde pública; 
  • educação em saúde.

Ao fim, é importante ressaltar que doenças bucais como cárie e periodontopatias, além de afetarem o paciente de forma funcional e muitas vezes estética, possuem ainda o risco de desencadear doenças vasculares, neoplasias, diabetes entre outros, tornando um risco ainda maior para a saúde coletiva.  

Dessa forma, considerando os impactos da falta de higiene bucal na saúde geral da população, vemos a importância da prevenção, educação em saúde bucal e ações governamentais para controle de doenças que acometem a boca. 

Quer saber mais sobre a importância da saúde bucal na prevenção de doenças? Leia o artigo completo!

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Fonte:  

NÍVEIS de Prevenção. Intérprete: Professora Luise Nunes. [S. l.]: Dentista Concurseiro, 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7TPGyqJqyDg. Acesso em: 18 mar. 2022. 

HISTÓRIA Natural das Doenças (Leavell e Clark). [S. l.]: Epidemiologia (Profa. Juliana Mello), 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kSAFyBQhLrw. Acesso em: 18 mar. 2022. 
﷟HYPERLINK “https://institutointegrasaude.com.br/os-niveis-de-prevencao-da-saude-bucal/”SAÚDE Coletiva em Questão. Intérprete: Níveis de Prevenção: Profª Natale Souza. [S. l.]: Gran Cursos Saúde, 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1LyFpljmtFg. Acesso em: 18 mar. 2022. 

MEDEIROS , Urubatan. UFRJ – Odontologia Preventiva -. In: Aula de Odontologia Preventiva. [S. l.], 21 mar. 2022. Disponível em: https://odontopreventivaufrj.files.wordpress.com/2011/08/ufrj-odontologia-preventiva-aula-4.pdf. Acesso em: 17 mar. 2022. 

MENEZES, Dr. Hélion P. S. HS Menezes. In: HS Menezes. [S. l.], 21 mar. 2022. Disponível em: http://www.hs-menezes.com.br/page_41.html. Acesso em: 17 mar. 2022. 

NÍVEIS de Prevenção em Odontologia – Leavell e Clark – Concurso Odontologia. Arriba Dentista, [S. l.], p. 1-1, 29 jul. 2019. Disponível em: https://www.arribadentista.com/2019/07/niveis-de-prevencao-odontologia-leavell-e-clark.html. Acesso em: 17 mar. 2022. 

CÁRIE dental: a segunda doença mais comum do mundo. IG, [S. l.], p. 1-1, 18 abr. 2018. Disponível em: https://saude.ig.com.br/colunas/bruno-puglisi-odontologia/2018-04-18/carie-dental-bruno-puglisi.html#:~:text=Um%20estudo%20recentemente%20publicado%20pela,perdendo%20apenas%20para%20o%20resfriado.&text=Os%20levantamentos%20mostram%20que%20atualmente,escolar%20sofrem%20com%20c%C3%A1rie%20dental%20. Acesso em: 17 mar. 2022. 

SAÚDE Coletiva. CRO SP, [S. l.], p. 1-1, 18 abr. 2018. Disponível em: https://site.crosp.org.br/camara_tecnica/apresentacao/23.html. Acesso em: 17 mar. 2022. 

Publicado por
Gabrielli Nery Wandscheer

Formada em Administração pela Estácio, especialista em Marketing e redação técnica na área odontológica.

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