Contradições no uso da fonte de luz em clareamento dental
Por Marcelo Pimenta*
Basicamente, existem duas maneiras de se fazer o clareamento dental: em consultório, com uso de peróxidos mais concentrados, ou em casa, supervisionado pelo dentista, com a aplicação de produtos menos concentrados por meio de uma moldeira personalizada.
No clareamento realizado em consultório, é comum que os pacientes valorizem o uso da fonte de luz. No entanto, há dúvidas sobre sua real necessidade e eficácia mesmo entre os dentistas. Por muito tempo, divulgou-se que algum tipo de fonte de luz (halógena, LED ou laser) era indispensável para se alcançar um melhor branqueamento e maior durabilidade nos resultados, mas pesquisas e estudos recentes têm apontado um caminho contrário.
A justificativa para o uso da fonte de luz é uma suposta maior ativação do produto e, consequentemente, a aceleração da reação química do peróxido de hidrogênio. Hoje, o que se sabe é que, apesar da literatura apresentar resultados controversos sobre essa questão, as últimas publicações científicas têm evidenciado que a associação de uma fonte de luz durante o clareamento em consultório não traz benefícios adicionais.
Estudos que dividiram a arcada de um mesmo paciente, clareando dois hemiarcos com o peróxido, mas associando apenas um deles à luz, têm demonstrado que não existe diferença nos resultados.
Outro ponto importante a ser discutido é a geração de calor através dessas fontes de luz. Parece haver um consenso entre os pesquisadores de que o aumento da temperatura intrapulpar ocasiona um maior grau de sensibilidade dentária, embora os aparelhos de LED ou laser mais recentes possuam filtros que diminuam a emissão de ondas infravermelhas, gerando menos calor.
O que acontece é que o uso da fonte de luz acaba sendo contraditório já que seu suposto mecanismo de ação na aceleração do processo de clareamento deve-se justamente ao aumento da temperatura, que catalisa a decomposição do peróxido. Assim, se este aumento de temperatura parece não promover um melhor resultado no clareamento e potencializa a ocorrência de sensibilidade dentária, parece sensato dispensar o uso de luz durante a execução do procedimento.
Apesar das opiniões controversas na literatura, o que é imutável e continua sendo essencial é a importância dos dentistas se manterem atualizados e não cederem à pressão de recorrer ao método mais popular. Cabe ao profissional orientar seu paciente.
*Dr. Marcelo Pimenta é graduado pela Universidade de São Paulo – USP, possui Especialização em Implantodontia e Pós-graduações em Odontologia Estética e Ortodontia.
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