Exames de sangue na odontologia
O método diagnóstico na área da saúde se complementa, muitas vezes com o auxílio de exames subsidiários, os quais são de grande valia não só para o estabelecimento do diagnóstico, como também para o planejamento, medidas preventivas, alternativas terapêuticas e prognóstico do paciente.
Por isso, é de suma importância a interpretação de exames para melhor diagnóstico do paciente na odontologia.
Além disso, de acordo com a Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego (n° 397/2002), compete ao Cirurgião-Dentista solicitar exames complementares, entre eles, a solicitação de risco cirúrgico e exames laboratoriais em geral.
Desse modo, além de saber identificar a presença de aspectos que indiquem a solicitação de exames laboratoriais na Odontologia, os cirurgiões dentistas devem saber interpretá-los com propriedade para a prevenção de complicações Peri operatórias.
Com isso, para uma interpretação adequada não basta comparar os valores obtidos pelo paciente com os valores de referência. É necessário saber o que significa cada alteração encontrada e o que esta exige como medidas preventivas a fim de evitar intercorrências durante o tratamento.
Exame de sangue (hemograma)
O exame de sangue (hemograma) é um dos exames mais solicitados devido à grande quantidade de informações fornecidas, à facilidade de sua realização e ao custo acessível.
O chamado hemograma completo é constituído pelo eritrograma (série vermelha), leucograma (série branca) e pelas plaquetas (série plaquetária), como pode ser observado na imagem a seguir.
Eritrograma série vermelha
Avalia os eritrócitos (hemácias), glóbulos vermelhos anucleados, os quais tem como principal função, transportar oxigênio e nutrientes para os tecidos.
Eritrócitos (E): contagem de eritrócitos por mm3 de sangue total
- Eritrocitose: acima do normal (pode indicar falha na medula óssea – policitemia)
- Eritropenia: abaixo do normal (sugere quadro de anemia)
Hemoglobina (Hgb): dosagem de Hgb encontrada em 100ml de sangue.
A dosagem de hemoglobina é o melhor resultado do hemograma para concluir se um paciente está anêmico.
Hematócrito (Hct): percentual do sangue que é ocupado pelos eritrócitos.
O Hct representa a proporção entre a parte sólida e a parte líquida do sangue.
Esses três primeiros dados, contagem de eritrócitos (E), dosagem de hemoglobina (Hgb) e hematócrito (Hct) são analisados em conjunto e indicam a presença de anemia ou policitemia no paciente.
VCM – Volume Corpuscular Médio: volume médio de cada eritrócito.
Um VCM elevado indica hemácias macrocíticas (grandes) e um VCM reduzido indica hemácias microcíticas (pequenas). Esse dado é importante para diferenciar os tipos de anemia. Por exemplo, anemias por carência de ácido fólico e vitamina B12 apresentam hemácias macrocíticas, enquanto anemias por deficiência de ferro apresentam hemácias microcíticas.
HCM – Hemoglobina Corpuscular Média:
Corresponde ao peso da hemoglobina dentro dos eritrócitos.
CHCM – Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média:
Avalia a concentração de hemoglobina em cada eritrócito.
Esses dois valores indicam basicamente a mesma coisa: a quantidade de hemoglobina nas hemácias. Quando as hemácias têm pouca hemoglobina, elas são ditas ‘hipocrômicas’ e quando têm muita hemoglobina, são ‘hipercrômicas’. Sendo assim, esses dados também são relevantes para identificação do tipo de anemia.
Olá estudante de odontologia? Que tal entrar para o programa embaixador Dental Speed!
Leucograma série branca
Avalia quantitativamente e qualitativamente os leucócitos, conhecidos como glóbulos brancos, os quais são considerados as células de defesa do nosso organismo.
Leucócitos: quantidade total de glóbulos brancos
- Leucocitose: acima do normal (geralmente indica infecção)
- Leucopenia: abaixo do normal (sugere depressão da medula óssea)
Além disso, na contagem diferencial de leucócitos são avaliados os diferentes tipos: os granulócitos (neutrófilos, eosinófilos, basófilos) e os agranulócitos (linfócitos e monócitos).
Neutrófilos:
São o tipo de leucócito em maior número na corrente sanguínea, representando 45% a 75% dos leucócitos circulantes. São os responsáveis pelo combate aos processos infecciosos de origem bacteriana.
- Neutrofilia: acima do normal (pode indicar infecção bacteriana)
- Neutropenia: abaixo do normal (sugere paciente debilitado com maior risco de infecção pós-operatória)
Além disso, vale ressaltar que os neutrófilos do tipo segmentados ou bastonetes são neutrófilos jovens, sendo a sua presença em maior quantidade, um indício de um processo infeccioso em curso, também conhecido como “desvio à esquerda”.
Eosinófilos:
são os leucócitos responsáveis pelo combate de parasitas, reações alérgicas e hipersensibilidades.
- Eosinofilia: acima do normal (pode indicar parasitoes e alergias)
- Eosinopenia: abaixo do normal (sugere uso de corticoides, processos inflamatórios, estresse)
Basófilos:
São o tipo menos comum de leucócitos no sangue. Sua elevação normalmente ocorre em processo alérgicos e inflamatórios crônicos.
Linfócitos:
São o segundo tipo mais comum de glóbulos brancos. Os quais são responsáveis pelo combate às infecções virais, surgimento de tumores e produção de anticorpos.
- Linfocitose: acima do normal (pode indicar infecção viral aguda)
- Linfopenia: abaixo do normal (sugere paciente debilitado – HIV +)
Monócitos:
São ativados tanto em processos virais quanto bacterianos. Além disso, encontram-se aumentados após quimioterapia.
Plaquetas série plaquetária
Avalia quantitativamente as plaquetas, as quais modulam a coagulação.
Plaquetas: número de plaquetas presentes.
- Trombocitose: acima do normal
- Trombocitopenia: abaixo do normal
Assim, tanto o aumento quanto o número reduzido de plaquetas podem ser causados por situações diversas. Vale ressaltar que diante de um quadro de trombocitopenia (↓ de 90.000), aumentam as chances de processos hemorrágicos até mesmo em procedimentos cirúrgicos simples.
Conclusão de como entender o exame de sangue
Diante dessas informações, é fato que os exames laboratoriais, como o exame de sangue, são de grande valia para o cirurgião dentista, pois, permite que o profissional evite situações de infecções secundárias, má cicatrização, processos hemorrágicos, entre outras complicações no tratamento odontológico.
Desta forma, profissionais que solicitam e sabem interpretar exames laboratoriais estão oferecendo maior segurança e conforto aos seus pacientes.
1 Comentário