As alergias em procedimentos odontológicos não são comuns, mas podem ser desencadeadas por diversos fatores, como por exemplo medicamentos prescritos, materiais utilizados em procedimentos, látex e substâncias presentes em anestésicos locais.
Pacientes sensíveis aos materiais utilizados no consultório ou durante um tratamento odontológico podem desenvolver sintomas de reações alérgicas, que variam desde quadros leves, como urticárias, até reações alérgicas graves, como choque anafilático.
É importante o profissional estar atento aos sinais de alergia durante ou após o atendimento odontológico para prestar socorro imediato.
Neste artigo, vamos descrever as causas da alergia em tratamentos odontológicos, os sintomas e como o dentista deve proceder em casos de reações alérgicas, para aliviar os sintomas e prevenir reações futuras, realizando um procedimento eficiente e seguro.
Alergia em procedimentos odontológicos
A alergia é uma resposta exagerada do sistema imunológico contra diversas substâncias que entram em contato com o organismo, chamadas de alérgenos. São absorvidos pela respiração, por ingestão (alimentos e medicamentos), pela administração de fármacos injetáveis ou via cutânea (aplicação tópica).
Algumas pessoas também são mais sensíveis que as outras, sendo assim, a mesma substância pode causar sintomas leves, moderados, graves ou nenhum sintoma.
A diferença de sensibilidade e hipersensibilidade entre as pessoas, torna o quadro clínico muito variável, podendo causar até choque anafilático.
Em relação ao tempo para manifestação, as reações alérgicas apresentam a seguinte classificação:
- Reação alérgica imediata: ocorre alguns minutos após o contato com o alérgeno;
- Reação alérgica semi-imediata: ocorre em algumas horas após o contato com o alérgeno;
- Reação alérgica retardada: ocorre alguns dias após o contato com o alérgeno.
As alergias odontológicas são reações alérgicas que ocorrem por conta da hipersensibilidade aos produtos, materiais e substâncias utilizados durante os procedimentos odontológicos.
Os principais agentes de reações alérgicas no consultório odontológico são:
- Látex (luvas de procedimento e lençol de borracha);
- Medicamentos prescritos pelo profissional;
- Anestésicos odontológicos ou conservantes das soluções anestésicas;
- Substâncias específicas da composição de diversos produtos odontológicos;
- Ligas metálicas utilizadas em próteses, implantes e aparelhos ortodônticos, como por exemplo o níquel;
- Instrumentos odontológicos metálicos (material da liga metálica);
- Flúor (não confundir alergia com intoxicação ao flúor – que ocorre por superdosagem);
- Metilmetacrilato;
- Materiais de moldagem e/ou materiais odontológicos que contenham borracha ou silicone;
- Produtos utilizados para limpeza e desinfecção do consultório e/ou de instrumentais;
- Formulação de produtos de higiene bucal;
- Enzima hialuronidase.
Sintomas de alergia em procedimentos odontológicos
Pessoas sensíveis aos produtos odontológicos ou medicamentos prescritos pelo dentista, apresentam uma resposta imunológica intensa após o contato.
As reações alérgicas podem ocorrer posteriormente a administração local ou sistêmica do alérgeno, de diferentes níveis de gravidade, conforme a sensibilidade do paciente à determinada substância.
As reações alérgicas na Odontologia podem desencadear diversos sintomas locais ou sistêmicos, que podem ser imediatos ou tardios. Conheça os principais sintomas:
- Dor e vermelhidão na área afetada;
- Cavidade oral: vermelhidão, ardência, coceira, ulceração, inchaço dos lábios, gengiva, língua e/ou garganta;
- Pele: vermelhidão, urticária, rash cutâneo;
- Sistema respiratório: muco nasal/rinite, crises de asma, broncoespasmo;
- Coração: taquicardia, arritmia cardíaca;
- Olhos: ardência, vermelhidão, eczema nas pálpebras;
- Angioedema;
- Tontura;
- Desmaio;
- Náusea e vômito;
- Febre;
- Edema de laringe;
- Edema de glote;
- Hipotensão;
- Choque anafilático;
- Parada cardiorrespiratória.
É importante lembrar que os sintomas podem ser isolados ou combinados, dependendo da severidade da reação alérgica e da tolerância individual de cada organismo.
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Como prevenir alergias em procedimentos odontológicos
Para prevenir alergias é fundamental a identificação do alérgeno, para que o dentista elabore o protocolo de atendimento individualizado de acordo com as necessidades do paciente.
O diagnóstico adequado permitirá identificar a causa da alergia e tomar as medidas necessárias para evitá-la no futuro.
A anamnese odontológica é essencial para saber se o paciente tem predisposição à reações alérgicas. Pacientes com alergias alimentares ou com determinadas doenças sistêmicas, como por exemplo a asma, apresentam maior probabilidade de quadros alérgicos.
Perguntas fundamentais para identificar a possibilidade de reações alérgicas em procedimentos odontológicos:
- Qual o histórico familiar de doenças sistêmicas ou alergias?
- Possui alguma doença sistêmica?
- Tem histórico de reações alérgicas?
- Já fez algum exame para diagnosticar alergias?
É considerado fator de risco se o paciente apresentar histórico de alergias e/ou doenças sistêmicas.
Muitas pessoas não têm conhecimento se possuem alergia aos produtos utilizados no consultório.
Se o paciente tiver histórico de alergias e ou doenças sistêmicas, mas não possui o diagnóstico de alergias odontológicas, é essencial que o profissional encaminhe o paciente aos cuidados do médico alergista para realizar os testes necessários para avaliar a possibilidade de reações sistêmicas durante o atendimento clínico.
O diagnóstico é realizado por um médico alergista, que irá avaliar os sintomas apresentados pelo paciente e o histórico médico e odontológico. Assim, serão realizados testes alérgicos específicos para identificar a substância, fármaco ou material que poderá causar a reação alérgica.
Dessa forma, o dentista poderá tomar as devidas precauções e utilizar produtos e medicamentos alternativos, diminuindo os riscos durante e após o atendimento.
Outra medida importante é o uso de materiais odontológicos hipoalergênicos, formulados para reduzir a possibilidade de alergias. Existem várias opções de produtos odontológicos hipoalergênicos disponíveis no mercado, como por exemplo as luvas de procedimento sem látex na composição.
Além disso, a limpeza, desinfecção e esterilização adequada dos instrumentos odontológicos são fundamentais para evitar alergias via contaminação cruzada.
Essas medidas são fundamentais para minimizar riscos e proporcionar um atendimento seguro ao paciente e profissional.
O que fazer em casos de alergia odontológica
As reações de hipersensibilidade são eventos adversos causados pela administração de medicações/produtos/substâncias que provocam uma reação imunológica do organismo, com sinais e sintomas locais ou sistêmicos.
Pacientes que nunca tiveram reações com uma determinada substância também podem desencadear um processo alérgico em contato com a mesma. Alguns sintomas podem ser confundidos com reações adversas previstas nas instruções de uso do produto/medicação, toxicidade por sobredosagem ou síncope vasovagal.
Por isso, o paciente deve ser monitorado após o atendimento, pois nem todo sintoma é imediato.
O tratamento para alergia em procedimentos odontológicos varia de acordo com a gravidade dos sintomas apresentados.
É muito importante que dentista tenha o consultórios preparado para esse tipo de intercorrência, como por exemplo um kit de emergência contendo dispositivos para monitorar os sinais vitais e medicamentos para realizar os primeiros socorros.
O profissional deve reconhecer os sinais, sintomas e prestar atendimento frente a emergências, pois além da legislação que regulamenta o exercício da Odontologia, o profissional também está sujeito as leis e consequências previstas no Código Civil, Código Penal e Código de Proteção e Defesa do Consumidor, caso seja comprovado atos de imperícia, imprudência ou negligência.
Para realizar os primeiros socorros, é recomendado ter os seguintes equipamentos e dispositivos:
- Termômetro;
- Aparelho portátil para aferir a pressão arterial e frequência cardíaca;
- Oxímetro portátil;
- Glicosímetro;
- Desfibrilador externo semiautomático (DEA);
- Sistema portátil para liberação de oxigênio;
- Medicações como corticoide, anti-histamínicos e adrenalina.
Segundo a literatura, o profissional deve tomar as seguintes medidas em casos de reações alérgicas imediatas ou semi-imediatas:
- Suspender a medicação/substância/produto e encerrar o atendimento odontológico;
- Retirar qualquer material ou dispositivo que estiver na boca do paciente;
- Posicionar o paciente corretamente e avaliar os sinais vitais;
- Providenciar auxílio médico e prestar os primeiros socorros até a chegada do socorro médico;
- Se necessário, administrar anti-histamínico ou outras medicações, como corticoides, adrenalina e broncodilatadores;
- Manter o paciente sob observação constante, monitorando os sinais vitais;
- Se necessário, administrar oxigênio.
É importante acompanhar o paciente após o atendimento e prestar orientações caso o mesmo não esteja no consultório, se ocorrer um quadro alérgico tardio.
São medidas fundamentais para prevenir reações indesejadas: anamnese detalhada, encaminhar o paciente para avaliação médica, realizar testes alérgicos prévios e o uso de materiais alternativos e hipoalergênicos. Em caso de sintomas alérgicos, é essencial monitorar o paciente e prestar os primeiros socorros, para oferecer um atendimento seguro.
A alergia na Odontologia é rara, mas com o diagnóstico e tratamentos adequados, é possível reverter os sintomas e prevenir reações futuras.
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Até a próxima!
Referências:
https://website.cfo.org.br/ha-risco-de-alergia-em-procedimentos-odontologicos
https://crosp.org.br/noticia/alergia-nas-consultas-odontologicas-podem-acontecer
https://simpatio.com.br/alergia
https://www.anestesie.com.br/a-anestesia-odontologica-pode-causar-alergia/#:~:text=Em casos de reação alérgica,a chegada do serviço médico.
https://pt.slideshare.net/slideshow/protocolo-alergia-medicamentosa-na-odontologia/92005453
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