A gengivite necrosante é uma doença necrosante do tecido periodontal caracterizada por sangramento, ausência de bolsa periodontal, dor intensa e necrose tecidual, impactando na saúde bucal e na qualidade de vida dos pacientes. Se não tratada adequadamente, pode evoluir para quadros mais graves.
Neste artigo, vamos abordar sobre as causas, fatores de risco, sintomas, diagnóstico e tratamentos.
O que é a gengivite necrosante?
A gengivite necrosante é processo inflamatório agudo do tecido gengival caracterizada por sangramento, dor intensa e presença de necrose/ulceração das papilas interdentais com inversão do vértice, sendo esse o principal sinal da doença.
Além dessas características, pode apresentar outros sinais e sintomas associados, como por exemplo:
- Pseudomembrana gengival;
- Halitose;
- Gosto metálico;
- Sangramento espontâneo;
- Sangramento ao ingerir alimentos;
- Sangramento ao realizar a higiene bucal;
- Sialorreia;
- Eritema linear;
- Febre;
- Linfadenopatia regional (aumento do tamanho dos linfonodos).
Durante muitos anos, a patologia foi referida por Gengivite Ulcerativa Necrosante (GUN) e Gengivite Ulcerativa Necrosante Aguda (GUNA).Também já foi chamada de Gengivoestomatite de Vincent.
Popularmente é chamada de “boca de trincheira”, pois soldados em situação de guerra desenvolviam o quadro devido ao estresse, alimentação pobre em nutrientes, higiene oral precária e baixa imunidade.
Porém, com a nova classificação das doenças periodontais e peri-implantares de 2018, promovida pela Academia Americana de Periodontia (AAP) e pela Federação Europeia de Periodontia (EFP), a terminologia foi modificada para gengivite necrosante, sendo classificada dentro da categoria “Doença Necrosante dos Tecidos Periodontais”.
Segundo a nova classificação para as condições periodontais, há três grandes grupos:
- Saúde periodontal, condições e doenças gengivais, subdividido em:
- Saúde periodontal e saúde gengival;
- Gengivite induzida pelo biofilme;
- Doenças gengivais não induzidas pelo biofilme.
- Periodontite, subdividido em:
- Doenças periodontais necrosantes;
- Periodontite;
- Periodontite como manifestação de doenças sistêmicas.
- Outras Condições que afetam o periodonto, subdividido em:
- Manifestações periodontais de doenças ou condições sistêmicas (doenças ou condições sistêmicas que afetam os tecidos periodontais de suporte);
- Abscessos periodontais e lesões endoperiodontais;
- Condições e deformidades mucogengivais;
- Forças oclusais traumáticas;
- Fatores relacionados ao dente e às próteses.
Para as condições peri-implantares, estas foram divididas em:
- Saúde peri-implantar;
- Mucosite peri-implantar;
- Peri-implantite;
- Deficiências nos tecidos peri-implantares moles e duros.
Assim, o termo “Doença Necrosante dos Tecidos Periodontais” passou a englobar três formas clínicas:
- Gengivite necrosante;
- Periodontite necrosante;
- Estomatite necrosante.
A gengivite necrosante apresenta progressão rápida e, se não tratada, pode evoluir para quadros mais graves como a periodontite e até mesmo a estomatite (doenças classificadas no mesmo grupo).
A periodontite necrosante é um processo inflamatório do periodonto caracterizado pela presença de necrose/ulceração das papilas interdentais, perda óssea rápida, dor intensa, sangramento gengival e halitose. Também pode apresentar formação de pseudomembrana, linfadenopatia e febre.
Já a estomatite necrosante é uma condição inflamatória severa do periodonto e da cavidade oral. É caracterizada pela necrose dos tecidos moles que se estende além da gengiva, e pela desnudação óssea, que pode apresentar áreas aumentadas de osteíte e formação de sequestro ósseo.
Todas as condições causam grande desconforto aos pacientes e, em casos mais graves, pode levar à perda do elemento dental e comprometer a estrutura óssea.
Diagnóstico da gengivite necrosante
Diferentemente das demais classificações de gengivite, que normalmente apresentam sinais leves de inflamação, a doença perioodontal necrosante é visivelmente mais agressiva, dolorosa e de progressão rápida, sendo a presença de necrose tecidual é um indicativo claro da gravidade do quadro.
A causa é multifatorial, tendo relação direta entre a saúde sistêmica, resposta imune e microorganismos patogênicos.
Os principais fatores de risco para a gengivite necrosante são:
- Imunossupressão causada por medicamentos e quimioterapia;
- Pacientes imunocomprometidos, apresentando doenças sistêmicas ou infecções virais, como por exemplo o vírus HIV;
- Diabetes não controlada;
- Leucemia;
- Histórico de doença periodontal;
- Higiene oral deficiente;
- Tabagismo;
- Consumo excessivo de álcool;
- Estresse;
- Desnutrição.
O diagnóstico é baseado em uma anamnese detalhada, exame clínico e exame físico. É fundamental o profissional avaliar o histórico médico, uso de medicamentos imunossupressores, fatores de risco e hábitos do paciente.
Ao realizar o exame clínico odontológico, o dentista deve observar se há os seguintes sinais e sintomas:
- Sangramento (espontâneo ou por estímulo);
- Necrose visível das papilas interdentais;
- Inversão das papilas;
- Halitose fétida (característica do quadro clínico);
- Ulcerações;
- Presença de pseudomembrana amarelada ou branca;
- Linfadenapatia na região de cabeça e pescoço;
- Febre.
Além do exame clínico e físico, é fundamental conhecer as características de outras condições periodontais e sistêmicas que podem apresentar sintomas semelhantes, para identificar a patologia e realizar o tratamento periodontal adequado.
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Qual o tratamento para gengivite necrosante?
O tratamento deve ser iniciado imediatamente após o diagnóstico com o objetivo de aliviar a dor, controlar a infecção e prevenir complicações.
Segundo a literatura, o protocolo para resolução de quadros periodontais necrosantes varia de acordo com a severidade do caso clínico.
Na primeira etapa do tratamento, o foco é tratar o quadro agudo, anestesiando o paciente devido à sintomatologia dolorosa para realizar profilaxia suave.
Em alguns casos pode ser necessário aplicar algodão embebido em clorexidina sobre as pseudomembranas para remover parte do tecido necrosado. O profissional também pode prescrever bochechos diários com digluconato de clorexidina a 0,12%, antibiótico e analgésico.
Em casos de pacientes imunocomprometidos ou diagnosticados com doenças sistêmicas, é fundamental o acompanhamento médico para acompanhar o quadro.
De acordo com as características do caso clínico, o dentista irá determinar o dia da consulta de retorno para a realização de raspagem e alisamento, além de determinar as demais datas para controle e monitoramento do paciente e se necessário, planejar os procedimentos de reconstrução tecidual e reparação estética.
Além do tratamento periodontal, a higiene oral adequada , a mudança de hábitos e alimentação saudável são medidas fundamentais para a recuperação do tecido periodontal e evitar recidivas.
A prevenção do quadro é baseada em um conjunto de medidas, como higiene bucal adequada, gestão do estresse, controle de doenças sistêmicas e manutenção de hábitos saudáveis.
A gengivite necrosante é uma condição periodontal grave que exige intervenção imediata após o diagnóstico para evitar a progressão da doença.
Compreender as causas, sinais, sintomas e o diagnóstico diferencial são fatores fundamentais para realizar o tratamento periodontal de acordo com as características do caso clínico.
A prevenção é baseada em boas práticas de higiene oral, controle do estresse e manutenção de um estilo de vida saudável, além de acompanhamento odontológico periódico.
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Referências:
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