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O impacto do tabagismo na saúde bucal

O tabagismo é uma doença crônica conhecida como a principal causadora de mortes evitáveis do mundo, uma epidemia global altamente prejudicial para a saúde da população. 

Cerca de 50 doenças se desenvolvem a partir do consumo de tabaco ou exposição passiva à fumaça, incluindo cânceres, doenças pulmonares e cardiovasculares.  

Na Odontologia, o impacto na cavidade oral também é grande e o cirurgião-dentista atua tanto na prevenção de doenças geradas pelo tabaco quanto no diagnóstico precoce. 

Ao longo do texto vamos entender um pouco mais sobre os malefícios do consumo de cigarros e sua relação com a saúde bucal. 

Malefícios do tabaco para a saúde bucal 

Um cigarro costuma ser composto por mais de 4 mil complexos químicos, incluindo gases e metais tóxicos e inúmeras substâncias cancerígenas. 

Entre as substâncias podemos destacar a nicotina, droga psicoativa estimulante responsável por tornar o usuário dependente.  

Seguido pelo alcatrão, capaz de desencadear vários tipos de cânceres e o monóxido de carbono, que causa envelhecimento precoce e reduz o nível de oxigênio no sangue. 

Logo, é unanime entre os autores que o tabagismo também é um grande vilão para a saúde bucal, pois o hábito é responsável pelo surgimento de diversos distúrbios na cavidade oral. 

A placa bacteriana, por exemplo, é extremamente agressiva em pacientes fumantes, e a partir dela é que se desenvolvem as doenças periodontais mais graves.  

Também há muitos casos de pacientes com perda óssea – não necessariamente atrelada à doença periodontal – e perda dentária. 

Outras disfunções que podem ser facilmente observadas são a Xerostomia, famosa sensação de “boca seca” devido ao comprometimento da produção de saliva, e a redução de olfato e paladar, como resultado da atrofia das papilas gustativas.  

Mas, o mais preocupante é sem dúvidas o desenvolvimento de cânceres na cavidade oral. 

Anualmente, cerca de três mil brasileiros morrem de câncer bucal, e segundo o Conselho Regional de Odontologia (CRO), é o 6º tipo de câncer mais comum nos homens e o 8º nas mulheres.  

Principais doenças relacionadas ao tabagismo  

O Consumo regular de tabaco contribui para o desenvolvimento de inúmeras patologias e alterações bucais, incluindo doenças periodontais, halitose, pigmentação dos elementos dentários e mucosa oral e cânceres. 

A seguir, vamos compreender melhor o surgimento de cada um desses distúrbios. 

Câncer de boca 

O câncer é uma neoplasia maligna caracterizada pelo desenvolvimento de células anormais de forma desordenada. 

Quando ele ocorre na pele ou mucosa, também conhecidos como tecidos epiteliais, é classificado como um carcinoma.  Quando se dá em ossos, cartilagem ou músculos, os chamados tecidos conjuntivos, leva o nome de sarcoma.  

São vários os fatores de risco para o desenvolvimento de um câncer de boca, incluindo questões genéticas, idade, gênero, hábitos alimentares, etc. Mas, é inegável que o tabagismo está entre os principais causadores da doença.  

Há cerca de 60 substâncias cancerígenas presentes em um cigarro, além de diversos elementos tóxicos que também atuam como intermediários para a síntese dessas substâncias.  

Além disso, dados apontam que 90% das mortes por câncer bucal são de pacientes fumantes.  

Identificar a doença em seu estágio inicial sempre será o melhor caminho para o sucesso do tratamento.  

De acordo com o Conselho Federal de Odontologia, uma vez que o diagnóstico de câncer bucal é feito de forma precoce, as chances de cura são maiores que 95%.  

Em contrapartida, quando identificado em estágio mais avançado, esse número cai para 45%. 

As principais manifestais do câncer bucal são: 

  • Placas e/ou manchas brancas; 
  • Placas e/ou manchas avermelhadas; 
  • Nódulos; 
  • Caroços; 
  • Ulcerações na mucosa.  

E podem acometer diferentes partes da estrutura bucal, como mucosa jugal, gengivas, lábios, língua, amigdalas e palato. 

Lesões cancerígenas não costumam causar dor, mas pode ocasionar sangramentos e dificuldade de cicatrização.  

Em estágios mais avançados o paciente pode relatar a sensação de algo preso na garganta, bem como dificuldades para falar, mastigar, deglutir e movimentar a língua. 

Além de uma criteriosa anamnese e exame físico detalhado, o diagnóstico só é comprovado por meio de análise laboratorial.  

Assim sendo, o cirurgião-dentista pode dar sequência à biópsia, levando em consideração o tamanho da lesão, sua localização na cavidade oral, além das condições sistêmicas do seu paciente.  

Confirmado o diagnóstico de câncer bucal, o paciente deve ser encaminhado ao Oncologista ou Cirurgião de Cabeça e Pescoço. 

Leia também: Biópsia na Odontologia: passo a passo 

Tratamento 

Em casos de lesões iniciais e dependendo da localização do tumor, a remoção cirúrgica costuma ser o principal método de tratamento do câncer bucal.  

A radioterapia também é uma opção, e pode ser realizada em associação ou não ao procedimento cirúrgico.  

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A quimioterapia é feita em conjunto com a radioterapia, sendo indicada para pacientes em estágios mais avançados da doença, quando a intervenção cirúrgica não é mais uma opção viável. 

De qualquer modo, o acompanhamento odontológico continuará sendo essencial durante o tratamento oncológico e também a longo prazo, visando o controle de infecções e demais efeitos colaterais que possam se manifestar na cavidade oral do paciente. 

Doença periodontal 

A doença periodontal é uma infecção crônica que afeta a gengiva dos pacientes, e em circunstâncias extremas pode levar a perda dos elementos dentários.   

A placa bacteriana é a principal causadora da doença periodontal. Tudo começa com o acúmulo da placa ou biofilme na superfície dental, que é composto por inúmeras bactérias.   

As bactérias, por sua vez, liberam toxinas extremamente prejudiciais à mucosa, causando a destruição dos tecidos de proteção e sustentação.   

Em um primeiro momento o paciente apresenta a gengivite, que inclui inchaço, vermelhidão e sangramento da gengiva.  

Na ausência de tratamento, a inflamação pode evoluir para uma periodontite, que passa a comprometer os tecidos ao redor dos dentes.   

No caso de pacientes fumantes, o processo de formação da placa bacteriana é potencializado.  

Por conta disso, estima-se que um paciente que fuma possui 85% mais chances de desenvolver a periodontite se comparado a um paciente não fumante. 

O diagnóstico de doença periodontal em pacientes fumantes pode ser um tanto desafiador, pois o hábito costuma mascarar sinais de inflamação na gengiva, como o sangramento gengival.  

O cirurgião-dentista deve realizar o exame-clínico em busca de sinais como: 

  • Acúmulo de placa; 
  • Inchaço e vermelhidão gengival (inflamação); 
  • Sangramento gengival espontâneo; 
  • Sangramento durante a escovação ou uso de fio dental; 
  • Mau hálito; 
  • Recessão gengival; 
  • Escurecimento da gengiva; 
  • Entre outros. 

Além disso, as informações da anamnese e exames complementares, como radiografia e sondagem, também serão importantes para chegar ao diagnóstico e identificar o nível de comprometimento ósseo do paciente. 

Tratamento 

As etapas do tratamento periodontal incluem a execução de técnicas de remoção de tártaro, raspagem da raiz do dente, bem como a prescrição de antibióticos e enxaguantes bucais para combate da infecção. 

Em estágio mais avançado, o tratamento exige intervenção cirúrgica. Contudo sabe-se que o tabagismo compromete o processo cicatricial do organismo, por isso, o caso clínico se torna mais delicado. 

A melhora da higiene bucal também é fator relevante para o tratamento de doenças periodontais. Recomenda-se que a escovação diária seja intensificada, além do uso regular do fio dental. 

As visitas ao consultório devem ser frequentes para realização de limpeza e profilaxia, evitando assim o desenvolvimento da placa bacteriana e eventuais doenças no periodonto. 

E, principalmente, o hábito de fumar deve ser cessado pelo paciente, do contrário o tratamento periodontal não terá resultados satisfatórios. 

Halitose 

O hálito humano é de natureza inodora, porém, é comum que pacientes em determinado momento da vida apresentem alguma anormalidade, denominada halitose. 

A Halitose pode ser causada por fatores de origem, local, respiratória, digestiva, metabólica ou emocional. Onde os fatores locais são responsáveis por 85% dos casos de mau hálito. 

Os principais aspectos relacionados ao desenvolvimento da halitose incluem: 

  • Higiene precária; 
  • Saburra lingual; 
  • Placa bacteriana; 
  • Boca seca (xerostomia); 
  • Doenças periodontais; 
  • Má adaptação de peças protéticas; 
  • Tabagismo. 

No caso do tabagismo, além do odor característico do cigarro, a fumaça produzida a partir da combustão das substâncias tóxicas causa inúmeros danos à cavidade bucal. 

As papilas gustativas da língua, por exemplo, sofrem alterações que favorecem o acúmulo de saburra lingual.  

Ocorre também grande descamação da mucosa oral, e as células descamadas alimentam bactérias bucais, responsáveis pela produção de substâncias ricas em enxofre, exalando um mau cheiro. 

O fumo também compromete a produção de saliva, causando xerostomia e, consequentemente, halitose. 

Tratamento  

Após identificação do agente causador da halitose, o tratamento pode envolver profilaxia e intensificação dos cuidados de higiene oral. 

O uso de enxaguantes bucais para alcançar áreas de difícil acesso também é indicado. Mas é preciso ter cautela quanto aos produtos que tenham alta concentração de álcool ou clorexidina em suas composições. 

Para pacientes fumantes, sugere-se a redução ou, de preferência, suspensão do consumo de cigarros. 

Pigmentação dos dentes e mucosa 

Além de ser a substância responsável por causar dependência química nos usuários, a nicotina também prejudica a saúde e estética dos dentes e da mucosa oral. 

À medida em que o paciente fuma, a nicotina se adere à superfície dentária e mucosa, ocasionando uma pigmentação.   

Assim, os elementos dentários costumam apresentar manchas amareladas que vão se tornando mais escuras ao longo do tempo.  

Em alguns dentes, as manchas podem ter aspecto acinzentado, sendo mais difíceis de serem removidas. 

Na mucosa as manchas recebem outro nome, denominadas melanose do fumante. Isso ocorre, pois, a nicotina estimula a produção de melanina na mucosa. 

As machas são acastanhas, e se desenvolvem principalmente na gengiva, bochechas e comissuras labiais. 

A pigmentação da mucosa gengival costuma afetar mais mulheres fumantes do que homens. Mas ainda não se sabe qual a relação da nicotina com o hormônio feminino. 

Tratamento 

Como forma de atenuar as manchas nos dentes, os clareamentos dentais caseiros ou em consultório podem ser realizados por pacientes fumantes. 

Contudo o resultado nem sempre é satisfatório, comparado a pacientes que não fazem o uso de cigarros. 

O cirurgião-dentista também pode optar por tratamentos abrasivos, na tentativa de eliminar manchas mais superficiais da superfície dentária. 

Para dentes com manchas severas, são indicados tratamentos estéticos que envolvam confecção de facetas e coroas. 

Em casos de melanose do fumante, após a suspenção do cigarro as manchas da mucosa desaparecem de forma gradativa em até três anos.   

Campanhas de conscientização  

Além do número alarmante de mortes provocadas anualmente pelo tabagismo – cerca de 7 milhões de pessoas -, o hábito também afeta a saúde daqueles que convivem com pessoas fumantes, fazendo 900 mil vítimas de fumo passivo. 

No Brasil, o Dia Nacional de Combate ao Fumo é uma importante campanha contra o tabagismo. Foi instituída na década de 80 como dia 29 de agosto, e desde então tem cumprido seu objetivo de reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população brasileira para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco. 

A nível mundial, outra data que trabalha a conscientização da população em relação ao tema é o dia Mundial Sem Tabaco. Criado pela Organização Mundial da saúde, a iniciativa é um alerta para os impactos gerados pelo consumo de cigarros e incentiva o cessamento desse hábito. 

Higiene oral para pacientes fumantes 

Uma boa higiene oral é fundamental para manter a saúde, principalmente em casos de pacientes que possuem um hábito tão nocivo como o tabagismo.   

Agora que você já sabe quais são as principais doenças e alterações bucais que podem acometer um paciente fumante, confira algumas dicas para facilitar o atendimento e incentivá-los a abandonar o vício. 

  • Mostre a importância dos exames periódicos, pois essa é a melhor forma de identificar pequenas lesões que, se não tratadas, poderão evoluir para alguma forma de câncer; 
  • A boa higiene oral é também essencial, mas muitos pacientes não entendem a gravidade e não sabem que, mantê-la é o mais fácil para evitar o surgimento do câncer bucal; 
  • Tratar focos infecciosos e realizar correções de próteses mal adaptadas e frouxas também são ações que evitam a doença; 
  • Interromper o vício do fumo é fundamental! Lembre seu paciente que o tabagismo é a principal causa de morte evitável no planeta. Estima-se que cerca de 200 mil pessoas morrem todo o ano no Brasil em decorrência do fumo;
  • É importante que o seu paciente saiba que o tratamento em sua fase inicial oferece melhores condições para o sucesso do tratamento; 
  • Lembre o paciente que para cada caso há um profissional especialista, e você pode ajudá-lo a encontrar a pessoa certa. 

Apesar de todos os cuidados praticados pelo paciente, não há dúvidas de que a melhor forma de manter a saúde da gengiva é parando de fumar. 

Aproveite as dicas para conscientizar os pacientes a prevenirem-se todos os dias, tratando os problemas dentários, com mudanças, orientação e motivação. 

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Leia mais conteúdos do Eu Amo Odonto para ficar por dentro de tudo o que acontece na Odontologia.

Referências: 

O impacto do tabagismo na saúde bucal . FOUPS, [S. l.], p. 1-1, 28 set. 2020. Disponível em: [Odontologia no Ar] Os fumantes têm 85% mais chances de desenvolver periodontite do que os não fumantes. Acesso em: 22 ago. 2022. 

SILVA, Saulo Aparecido da. Malefícios causados pelo tabaco na cavidade bucal. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Atenção Básica a Saúde da família) Universidade Federal de Minas Gerais, Campos Gerais – MG. 2012. 

CONSELHO Federal de Odontologia. CFO, [S. l.], p. 1-1, 28 set. 2020. Disponível em: https://website.cfo.org.br/dia-mundial-sem-tabaco-cfo-reforca-alerta-sobre-males-do-tabagismo-a-saude-bucal/. Acesso em: 23 ago. 2022. 

TIPOS de Câncer – Boca. A.C. Camargo, [S. l.], p. 1-1, 28 set. 2020. Disponível em: https://www.accamargo.org.br/sobre-o-cancer/tipos-de-cancer/boca. Acesso em: 23 ago. 2022. 

DENTES dos fumantes: o que acontece com eles?. Unidonto Minas, [S. l.], p. 1-1, 28 set. 2020. Disponível em: https://uniodontominas.com.br/o-que-acontece-com-os-dentes-dos-fumantes/. Acesso em: 24 ago. 2022. 

DIA Mundial Sem Tabaco: CFO reforça alerta sobre males do tabagismo à saúde bucal. Conselho Federal de Odontologia, [S. l.], p. 1-1, 31 maio 2019. Disponível em: https://website.cfo.org.br/dia-mundial-sem-tabaco-cfo-reforca-alerta-sobre-males-do-tabagismo-a-saude-bucal/. Acesso em: 24 ago. 2022. 

TABACO, Nicotina e Câncer. Oncoguia, [S. l.], p. 1-1, 26 ago. 2014. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/artigo-tabaco-nicotina-e-cancer/386/8/. Acesso em: 22 ago. 2022. 

GENGIVITE: causas, sintomas e como tratar. Veja Saúde, [S. l.], p. 1-1, 7 jan. 2020. Disponível em: https://saude.abril.com.br/medicina/gengivite-causas-sintomas-e-como-tratar/. Acesso em: 23 ago. 2022. 

O HÁBITO de fumar, o mau hálito e o aspecto desagradável dos dentes. CROPR, [S. l.], p. 1-1, 7 jan. 2020. Disponível em: https://www.cropr.org.br/index.php/noticias/detalhes/o-habito-de-fumar-o-mau-halito-e-o-aspecto-desagradavel-dos-dentes/689#.Ywd5R3bMKM9. Acesso em: 23 ago. 2022. 

31 de maio: Dia Mundial sem Tabaco. Ministério da Saúde, [S. l.], p. 1-1, 31 maio 2019. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/31-de-maio-dia-mundial-sem-tabaco-2019/. Acesso em: 25 ago. 2022. 

Texto escrito originalmente em 29 de agosto de 2015 e reescrito no dia 26 de agosto de 2022 por Gabrielli Nery Wandscheer.

Publicado por
Gabrielli Nery Wandscheer

Formada em Administração pela Estácio, especialista em Marketing e redação técnica na área odontológica.

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