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Retração Gengival: causas e tratamentos

Retração gengival: causas e tratamentos

Bastante comum em pacientes adultos, a retração gengival é uma das principais causas de sensibilidade dental, trazendo bastante desconforto, principalmente quando já está em um estágio mais avançado.

Estima-se que metade da população mundial, entre 18 e 65 anos de idade, tenha pelo menos um dente acometido por retração gengival; e uma em cada três pessoas com mais de 30 anos apresenta pelo menos dois dentes com o problema. Sendo assim, sugere-se que a retração gengival se torna cada vez mais frequente, muito por causa do envelhecimento da população, entre outras causas.

Mas o que faz com que a retração gengival seja tão comum? Quais as causas podem estar envolvidas? É possível evitá-la ou tratá-la?

Motor Endodôntico

Tipos de Gengiva

A gengiva é a parte da mucosa mastigatória que cobre o processo alveolar e circunda a porção cervical dos dentes.

Em direção à coroa, a gengiva de cor rósea termina na margem gengival livre, que possui um contorno festonado. No sentido apical, a gengiva é contínua com a mucosa alveolar de revestimento, que é frouxa e de cor vermelha mais escura da qual é separada por uma linha limitante chamada linha mucogengival.

A gengiva livre, tem cor rósea, superfície opaca, consistência firme, e compreende o tecido gengival das partes vestibular e lingual dos dentes, além da gengiva interdental ou papilas interdentais. Pelos lados vestibular e lingual dos dentes, a gengiva livre estende-se a partir da margem gengival em direção apical até a ranhura gengival livre, que se acha posicionada em um nível

correspondente à junção cemento-esmalte. A gengiva inserida é demarcada apicalmente pela linha mucogengival, como pode ser observado na imagem a seguir.

Tipos de Gengiva
Linha Mucogengival

O que é retração gengival? 

A retração da gengiva, também conhecida como recessão gengival, ocorre quando o rebordo do tecido gengival se afasta do dente. Logo, é caracterizada por uma redução do espaço de cobertura do dente pela gengiva, o que o deixa mais exposto. O que pode acontecer em um único dente ou em vários dentes simultaneamente. Sendo fundamental que o cirurgião-dentista se atente à causa que gerou o problema.

Existem vários tipos de retração da gengiva. Sendo a sua localização e profundidade fundamentais para determinarem um pior ou melhor prognóstico e o plano de tratamento.

As recessões são sempre acompanhadas por deiscências do osso alveolar e há uma correlação direta entre a extensão milimétrica das deiscências ósseas vestibulares e sua correspondente recessão gengival.

O que provoca a retração gengival? 

É difícil achar uma única causa no desenvolvimento da recessão gengival. Pois, vários fatores têm sido relacionados com sua etiologia:

  • Placa bacteriana;
  • Doença periodontal;
  • Fatores genéticos;
  • Posição dos dentes na arcada (apinhamento dental);
  • Oclusão traumática;
  • Bruxismo e apartamento dental;
  • Inserção alta de freios ou inserções musculares;
  • Área gengival estreita;
  • Escovação errônea;
  • Aparelho ortodôntico;
  • Restaurações ou margens de próteses mal adaptadas;
  • Tabagismo.

Entre os motivos mais comuns que contribuem para o surgimento e a progressão da retração gengival estão o uso inadequado de escovas ou técnicas de escovação mal executadas e o acúmulo de placa dental.

Consequências

Dependendo do local e de sua extensão, a retração é muito mais do que uma questão estética, pois, pode prejudicar até a alimentação. Isso porque a exposição à raiz do dente eleva a sensibilidade, principalmente a alimentos frios ou pastosos. Pois, a raiz contém milhares de pequenos túbulos que levam ao centro do dente, onde está localizada a polpa dentária causando na sensibilidade.

Além disso, a retração gengival também eleva o risco de cáries e de lesões como erosão e abrasão dentária.

Como prevenir a retração da gengiva?

A prevenção é fundamental, pois a retração da gengival é irreversível, e, uma vez que ela se inicia, é fundamental o acompanhamento do cirurgião- dentista para prevenir sua progressão. Escovação correta dos dentes e visitas periódicas ao dentista estão entre as medidas para prevenir a retração da gengiva.

Cabe ao profissional passar as seguintes orientações ao paciente:

  • Realizar profilaxia profissional para remoção de biofilme;
  • Escovar os dentes após as refeições;
  • Uso diário de fio dental;
  • Orientar sobre a técnica de escovação correta;
  • Orientar sobre o uso de escova macia;
  • Alimentação saudável.

Como tratar a retração da gengiva?

Para estabelecer o tratamento correto é necessário avaliar a origem e extensão da retração gengival. Podendo este variar desde medidas simples, como a profilaxia e novos hábitos de higiene bucal, até procedimentos mais complexos, como recobrimento radicular e cirurgias de enxerto gengival.

Profilaxia Dental

Se a retração ainda estiver em uma fase inicial, o paciente pode conter o problema através de profilaxia realizada no consultório odontológico, controle de sensibilidade e mudando os hábitos de higiene bucal, para exercer menor pressão no ato da escovação.

Raspagem Subgengival e Raspagem Supragengival

Se o paciente não fizer uma higiene bucal adequada, é bem provável a presença de cálculo supra e sub gengival. Como a presença de biofilme e cálculo dental podem estar relacionadas à retração gengival, o procedimento de raspagem é indicado.

Recobrimento radicular

Para casos menos severos, é recomendado o recobrimento radicular com resina composta, visando diminuir a sensibilidade radicular e prevenindo a formação de tecido cariado.

Uso de placa de mordida

Caso a origem seja bruxismo, apertamento dental ou trauma oclusal, uso de placa de mordida e ajuste oclusal são fundamentais para prevenir o progresso da retração da gengiva.

Cirurgia Plástica Gengival

Ainda assim, casos mais graves de retração gengival podem necessitar de cirurgia plástica gengival, para cobrir novamente a raiz exposta.

Desse modo, a cirurgia pode ser feita através de reposicionamento ou enxerto, onde é retirado um fragmento de tecido mole de uma área doadora e transferida para a área radicular descoberta, visando melhorar a estética e sensibilidade.

Importante lembrar que, de nada adianta tratar a retração, se não houver mudança nos comportamentos que causaram esse problema. Nesse sentido, mudança de hábitos de higiene bucal, uso de escovas de cerdas macias e remoção de fatores como tabagismo, próteses mal adaptadas e piercings são fundamentais para manter a saúde gengival e conforto do paciente.

Como tratar a sensibilidade dentária provocada pela retração gengival?

Uso de uma escova com cerdas macias, creme dental dessensibilizante, enxaguantes bucais fluoretados, aplicações de flúor, controle da dieta para diminuir a ingestão de alimentos ácidos e laserterapia são recursos fundamentais para a diminuição da sensibilidade.

A aplicação do laser de baixa intensidade para o tratamento da hipersensibilidade dentinária cervical é, em si, uma técnica muito simples. O mais importante é fazer um diagnóstico prévio preciso. Atualmente, com os equipamentos de laserterapia apresentando potências de 100mW, um único ponto cervical na face onde o paciente acusar a sensibilidade dolorosa, ou seja, por vestibular ou por lingual acrescido do(s) ponto(s) apical(is), sempre por vestibular por estar mais próximo aos ápices, têm sido suficientes para tratar essa enfermidade.

Tanto o comprimento de onda vermelho (660nm) quanto o infravermelho (780 ou 808nm) estão indicados nesse tratamento da hipersensibilidade dentinária cervical. Porém, o infravermelho seria o mais indicado para a primeira sessão, e talvez na segunda, se a sensibilidade dolorosa ainda estiver insuportável, isso porque esse comprimento de onda, tendo uma atuação fotoelétrica, além de apresentar uma capacidade anti-inflamatória comprovada, modulando os marcadores da inflamação, pode mudar a polaridade de membrana, propiciando uma analgesia imediata. Então, nas sessões seguintes, o laser vermelho, que aumenta imediatamente a disponibilidade de óxido nítrico intracelular, acelerando o metabolismo celular e incrementando a circulação tecidual, deverá ser o comprimento de onda de escolha.

laser-duo-mmo

Outra possibilidade é combinar ambos os comprimentos de onda na mesma sessão. Em cada sessão de irradiação, uma profilaxia e isolamento relativo devem preceder a laserterapia. Podem ser realizadas de três a quatro sessões, com intervalos de 72 horas entre elas. Na primeira sessão é recomendável o emprego do comprimento de onda infravermelho (780 ou 808nm), com uma energia total de 4J por ponto, buscando a bioinibição para o estímulo doloroso. Nas outras 2 ou 3 sessões, o comprimento de onda vermelho (660nm) está indicado, mas a energia total deverá ser de 2J por ponto, para que ocorra desinflamação do tecido pulpar e bioestimulação para a formação de dentina reacional.

Levando em conta que a retração gengival é uma das principais causas de sensibilidade dental e que acomete grande parte da população adulta, é de grande importância que o cirurgião-dentista saiba diagnosticá-la, preveni-la e tratá-la.

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Referencias:

Lindhe, J; Lang, N.P. Tratado De Periodontia Clínica E Implantologia Oral, 6ª Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

Vianna, L. Retração da gengiva: porque ela é cada vez mais comum. Veja Saúde. Disponível em: https://saude.abril.com.br/coluna/cuide-da-sua-boca/retracao-da-gengiva-por- que-ela-e-cada-vez-mais-comum/

Lizarelli, RFZ. Laserterapia para hipersensibilidade dentinária cervical. MMO – tecnologia para saúde. Disponível em: https://mmo.com.br/laserterapia-para-hipersensibilidade-dentinaria-cervical/!#

Publicado por
Profª Dra. Natália Galvão Garcia

Cirurgiã-dentista pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG), Mestre, Doutora e Pós-Doutora pela Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP), Professora Dra. do curso de Odontologia do Centro Universitário de Lavras (UNILAVRAS – MG). Atua no consultório nas áreas de Diagnóstico Oral, Cirurgia Oral Menor, Pacientes Especiais e Laserterapia. CROMG: 56425

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