A Classificação de Black, criada pelo dentista americano Greene Vardiman Black é utilizada na Odontologia para classificar a localização de lesões no elemento dental e do preparo cavitário em dentes anteriores e posteriores.
É indicada para facilitar a comunicação entre os dentistas, sendo uma importante ferramenta para auxiliar os profissionais no diagnóstico, planejamento e tratamento restaurador direto e indireto.
Embora tenha sido criada no século XIX, essa classificação ainda é ensinada nas universidades, utilizada no dia a dia clínico e em trabalhos científicos, servindo como base para a compreensão das lesões cariosas e/ou cavidades e sua localização.
Neste artigo, vamos abordar a importância dessa classificação na Odontologia, nomenclatura das cavidades, limitações e classificações complementares.
O que é a Classificação de Black?
A classificação foi criada por G. V. Black com o objetivo de sistematizar e categorizar os diferentes tipos de cavidades dentárias com base na localização anatômica e na forma das lesões (cavidades etiológicas), facilitando o ensino na Odontologia e a comunicação entre dentistas.
Black observou que as lesões tendem a aparecer com maior frequência em determinadas regiões do elemento dental, apresentando relação com características anatômicas específicas, como por exemplo sulcos, fissuras e pontos de contato interproximal.
Os principais objetivos da Classificação de Black são:
- Padronizar a terminologia;
- Facilitar a comunicação entre profissionais;
- Orientar o preparo cavitário, respeitando princípios de resistência e retenção;
- Otimizar o diagnóstico e plano de tratamento.
A Classificação de Black apresenta grande importância na Odontologia, pois é utilizada para categorizar as cavidades, comparar dados sobre a cárie dentária, detalhar a saúde bucal do paciente (pois ajuda a compreender as regiões com maior acúmulo de biofilme dental), auxiliando no acompanhamento clínico do paciente.
A necessidade de criar uma padronização surgiu da observação de que as lesões não se manifestavam de maneira uniforme nos dentes, mas sim em padrões específicos que dependiam de sua localização e do dente afetado.
Conheça as vantagens e desvantagens da Classificação de Black:
Vantagens:
- Simplicidade e objetividade;
- Didática fácil;
- Base para o plano de tratamento;
- Padronização da comunicação;
- Definição clara e específica dos tipos de cavidades.
Desvantagens:
- Foca na localização da cavidade e não na causa da lesão;
- Limitação da abrangência, por não abordar outras condições relacionadas ao surgimento da lesão;
- Risco de simplificação do diagnóstico.
É importante lembrar que, apesar da classificação, as causas das lesões no elemento dental são diversas, incluindo a doença cárie, sendo fundamental o profissional compreender a etiologia da lesão para promover o sucesso do caso clínico e a longevidade do procedimento restaurador.
Nomenclatura e classificação das cavidades de Black
Uma cavidade no elemento dental pode ser causada por diversos fatores etiológicos, como por exemplo desgaste do tecido dental, doença cárie ou fratura.
Black descreveu cinco classes de cavidades, baseadas na localização e na superfície afetada, sendo elas:
- Classe I de Black: cavidades localizadas nas seguintes faces: oclusal de molares e pré-molares, palatina e lingual de incisivos e caninos, 2/3 oclusal da vestibular de molares inferiores e 2/3 oclusal da palatina de molares superiores;
- Classe II de Black: cavidades localizadas nas faces proximais de pré-molares e molares;
- Classe III de Black: cavidades localizadas nas faces nas faces proximais de incisivos e caninos sem envolvimento do ângulo incisal;
- Classe IV de Black: cavidades localizadas nas faces nas faces proximais de incisivos e caninos com envolvimento do ângulo incisal;
- Classe V de Black: cavidades localizadas no terço cervical de dentes anteriores e posteriores, nas faces vestibular ou lingual.
A classificação das cavidades de Black foi baseada na localização e na superfície do dente afetado, mas alguns pesquisadores sugeriram alterações e a criação de uma sexta classe, conforme veremos a seguir.
Classificações complementares da Classificação de Black
Diversos autores, como por exemplo Howard, Simon e Sockel acrescentaram informações que complementam a classificação das cavidades de Black, sendo elas:
Classe I
- Ponto: apenas um ponto do sulco principal foi atingido pela cárie;
- Risco: apenas o sulco principal foi atingido pela cárie;
- Olho de cobra: ocorre em pré-molares inferiores, quando a lesão não atingiu a ponte de esmalte e as cristas marginais;
- Shot Gun: pequenas cavidades nas superfícies oclusal dos molares.
Classe II
- Slot Vertical de Markley: ocorre em pré-molares superiores e inferiores, quando apenas a face proximal cariada é incluída no preparo cavitário sem atingir a superfície oclusal, com acesso na região da crista marginal.
- Túnel: ocorre em pré-molares e molares, quando apenas a face proximal é envolvida pela cárie, preservando a crista marginal.
- Slot horizontal: acesso à cavidade pela face vestibular ou pela face lingual, sendo necessário desgastar uma parte sadia do elemento dental para encontrar a lesão.
Howard & Simon20 acrescentam na classificação de Black a cavidade Classe VI, incluindo cavidades preparadas nas bordas incisais e nas pontas de cúspide.
Sockwell também considera como Classe I de Black as cavidades de cicatrículas e fissuras incipientes localizadas na face vestibular dos dentes anteriores.
É importante conhecer os princípios e variações da classificação, para evitar erros que impactam no diagnóstico, comunicação entre profissionais e no plano de tratamento.
Conheça os erros mais comuns na aplicação da classificação criada por Black:
- Não associar a localização com etiologia, o que pode comprometer o diagnóstico e o plano de tratamento;
- Confundir as classes, no caso de lesões atípicas;
- Desconsiderar a causa da lesão;
- Empregar a classificação isoladamente, sem avaliar considerações complementares;
- Não considerar a progressão da doença cárie, que pode alterar a classificação inicial da cavidade.
Avaliar esses fatores, incluindo a causa da lesão, é fundamental para realizar o diagnóstico correto, resultando no sucesso do caso clínico e na longevidade do procedimento restaurador.

Apesar da evolução de técnicas e materiais odontológicos, a Classificação de Black permanece como um dos pilares fundamentais da Odontologia, oferecendo um sistema simples e replicável para a categorização das cavidades dentárias, sendo de extrema importância para a realização de procedimentos restauradores diretos e indiretos.
Classificar as lesões de forma sistemática permite um diagnóstico preciso, além de facilitar a comunicação entre dentistas e a compreensão da localização das mesmas por acadêmicos de Odontologia.
Entender cada uma das classificações, suas variações e saber aplicá-las é fundamental para o sucesso do procedimento restaurador.
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