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Clareamento dental de dentes não vitais: confira as principais técnicas

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O clareamento dental é uma técnica amplamente realizada e com boa aceitação de profissionais e pacientes. É também considerado um procedimento simples, conservador e que proporciona resultados satisfatórios.

O sucesso do tratamento clareador depende de uma indicação correta e do entendimento das suas limitações. Ou seja, é imprescindível conhecer as possíveis causas do escurecimento dental para chegar a um correto diagnóstico e, consequentemente, escolher a técnica mais adequada para cada caso.

Logo, os fatores que normalmente estão associados ao escurecimento da coroa dental são: restos necróticos na câmara pulpar; restos de material obturador com radiopacificadores; hemorragias internas e dentes com calcificação da câmara coronária. Então, geralmente, os pigmentos de dentes não vitais são ocasionados por uma situação interna.

Por esse motivo, o clareamento interno acaba sendo, muitas vezes, mais eficaz e duradouro do que a técnica de clareamento convencional (externa).

Assista ao vídeo sobre protocolo clínico de clareamento dental.

Tipos de clareamento para dentes não vitais

A técnica de clareamento para dentes endodonticamente tratados consiste na inserção do agente clareador dentro da câmara pulpar, com um selamento prévio do conduto radicular na região cervical. Os agentes clareadores mais utilizados hoje em dia são o peróxido de carbamida, perborato de cálcio e o peróxido de hidrogênio. E as duas técnicas mais utilizadas são chamadas de Walking Bleaching e inside-outside.

Logo, para o clareamento de dentes não vitais escurecidos, podemos ter dois objetivos:

O primeiro, seria clarear o dente escurecido até que ele chegue na mesma cor que os dentes adjacentes, que não irão receber nenhum tipo de clareamento.

O segundo, seria o caso em que os outros dentes também queiram ser clareados. Então, após finalizado o clareamento do dente não vital escurecido, e ele tenha ficado uma cor mais clara que os dentes vizinhos, os mesmos podem ser clareados, até que todos obtenham a mesma cor.

No entanto, apenas o fato de um dente estar escurecido e apresentar o canal tratado, não significa que ele esteja apto a receber o clareamento interno como tratamento clareador.

Antes mesmo de tentar o clareamento intracoronário, é válido optar pelo clareamento externo convencional, e observar como o dente se comporta. Não tendo obtido resultados satisfatórios, pode-se optar pelo clareamento interno desde que alguns pré-requisitos sejam levados em consideração:

Pré-requisitos do clareamento dental interno

  • Endodontia de boa qualidade (avaliada por radiografia periapical);
  • Periodonto e região periapical saudáveis;
  • Remoção de tecido cariado, quando existente;
  • Remoção de material obturador e restaurador da câmara pulpar;
  • Eliminação de áreas retentivas da câmara pulpar;
  • Realização de selamento cervical biomecânico.

Leia também 👉 Caso Clínico: Clareamento com Whiteness Perfect e Restauração de bordas incisais

Contraindicações do clareamento de dentes não vitais

Contudo, existem algumas situações que contraindicam ou que limitam a realização do clareamento de dentes não vitais, como:

  • Dentes amplamente restaurados e/ou cariados (indicação de facetas ou coroas);
  • Presença de trincas e/ou restaurações inadequadas (o selamento de trincas e confecção de restaurações adequadas pode ser realizado antes do clareamento);
  • Presença de lesão periapical;
  • Endodontia insatisfatória.

Vale ressaltar também que dentes sem vitalidade e com escurecimento da coroa por muitos anos, tem menor probabilidade de sucesso e o paciente precisa ser informado.

Quanto mais recente for o escurecimento, maior a possibilidade de sucesso do tratamento clareador.

Técnica Walking Bleaching

Primeiramente, essa técnica consiste em, pelo menos, duas sessões clínicas, com intervalo de três a sete dias entre cada consulta.

Primeira sessão de clareamento:

  1. Profilaxia;
  2. Registro da cor do dente;
  3. Registro da altura da coroa clínica;
  4. Proteção dos tecidos moles;
  5. Acesso à câmara pulpar;
  6. Acesso ao canal radicular: retira-se, aproximadamente 3 mm de material obturador além da região cervical da coroa clínica do dente;
  7. Selamento cervical biomecânico: aplica-se pasta de hidróxido de cálcio e em seguida, cimento de ionômero de vidro;
  8. Aplicação do agente clareador;
  9. Restauração provisória (selamento coronário): recomenda-se o uso de resina composta fotopolimerizável. Em casos de géis mais fluídos, é possível utilizar uma bolinha de algodão antes da resina;
  10. Avaliação da oclusão.
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Segunda sessão de clareamento:

Após 3 a 7 dias da inserção do gel clareador, podem ser verificadas duas situações:

  • Clareamento insatisfatório: renovação do agente clareador, podendo ocorrer até no máximo quatro sessões de troca; ou
  • Clareamento satisfatório: limpeza da câmara pulpar e preparo para o curativo com hidróxido de cálcio.

Com a intenção de neutralizar o meio que estava ácido, em função de o agente clareador ter baixo pH, é fundamental preencher a câmara pulpar com uma pasta de hidróxido de cálcio por sete dias, após as sessões de clareamento. Esse tempo também é importante para que ocorra a eliminação do oxigênio residual afim de não interferir na fotoativação dos materiais restauradores.

Terceira sessão de clareamento:

Remove-se a pasta de hidróxido de cálcio da câmara pulpar, mas o selamento cervical não deve ser removido, e a restauração definitiva pode ser realizada 7 a 14 dias após a última sessão do clareamento.

Técnica inside-outside

Nessa técnica, a câmara pulpar permanece aberta durante o tratamento, que se baseia na aplicação do gel clareador dentro da câmara e na moldeira, simultaneamente. Essa moldeira é a mesma utilizada na técnica de clareamento caseiro supervisionado convencional e ainda é necessário a confecção do selamento biomecânico cervical, afim de proteger o tratamento endodôntico e os tecidos periapicais.

Dessa forma, os pacientes selecionados para utilizar essa técnica, devem ser extremamente colaborativos e possuir uma excelente higiene bucal. No período em que o paciente não estiver realizando o clareamento, ele deve colocar uma bolinha de algodão na cavidade pulpar, trocando-a após cada refeição. O clareamento é feito aplicando o gel dentro da câmara pulpar e na face vestibular do dente, com o auxílio da moldeira, 1 a 2 horas por dia, durante 2 a 6 semanas.

Uma vez que o clareamento do dente não vital esteja concluído, o paciente pode utilizar a mesma moldeira para realizar o clareamento dos demais dentes, caso esteja no planejamento.

Risco de Reabsorção Cervical

Por outro lado, uma preocupação muito comum sobre realizar clareamento de dentes desvitalizados é a possibilidade de causar reabsorção cervical externa. A reabsorção é um processo fisiológico ou patológico que consiste na perda de tecido mineral, como a dentina, cemento ou osso alveolar. O risco de reabsorção cervical externa é muito variável e quando associada a clareamento de dentes não vitais, é possível observar que:

  • O selamento cervical biomecânico muitas vezes não foi realizado;
  • Existiu um histórico de trauma previamente ao clareamento; e
  • Aplicação de formas de calor.

Desse modo, a penetração do peróxido de hidrogênio no periodonto, por meio dos túbulos dentinários e das falhas na junção cemento/esmalte (JEC) pode ser a causa da reabsorção após o clareamento.

Logo, se o epitélio juncional do paciente estiver aderido a uma área de dentina exposta na JEC, essa dentina estará em contato com o tecido conjuntivo e as moléculas proteicas da dentina são vistas como corpos estranhos ao organismo, o que acaba desencadeando uma resposta inflamatória local e consequentemente, a reabsorção cervical externa, visto que os agentes clareadores são capazes de dissolver a matriz extracelular protetora.

O problema de um dente traumatizado seria porque não é possível saber a intensidade do trauma e quanto de exposição dentinária ocorreu abaixo do epitélio juncional. Por esse motivo, muitos clínicos contraindicam o tratamento clareador interno em dentes que sofreram algum tipo de trauma.

Mas, caso ele venha a ser realizado, é importante não utilizar nenhuma forma de calor; utilizar clareadores com baixo poder oxidativo (peróxido de carbamida a 10%) e o paciente precisa apresentar uma excelente saúde gengival.

Considerações finais sobre clareamento

O clareamento de dentes desvitalizados é um método eficaz e conservador, uma vez que evita o desgaste da estrutura dental quando comparado a procedimentos restauradores. Contudo, em relação a sua longevidade, sabe-se que a estabilidade da cor não é previsível e a recidiva da coloração pode ocorrer, devendo o paciente ser alertado desse risco.

Por isso, é fundamental conhecer nosso paciente, saber sua queixa e quais procedimentos já foram realizados anteriormente, para assim realizar a correta indicação e alcançar um resultado satisfatório.

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Até a próxima!

Referências:

ALTO, R. M. Reabilitação estética anterior – o passo a passo da rotina clínica. 1. ed. Editora Napoleão, 2017
BARATIERI, L. N. et al. Caderno de dentística – clareamento dental. 1. ed. Editora Santos, 2004
Barcellos DC, Benetti P, Fernandes Junior VVB, Valera MC. Effect of Carbamide Peroxide Bleaching Gel Concentration on the Bond Strength of Dental Substrates and Resin Composite. Oper Dent. 2010 Jul;35(4):463-469.
NOCCHI, E. C. Dentística: saúde e estética. 3. ed. Editora Santos, 2018

Publicado por
Dra. Bianca Paes

Cirurgiã-dentista pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - Especialista em Endodontia.

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